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Acabou o tamanho único
CLÓVIS ROSSI
Porto (Portugal) - Esboça-se, no
mundo todo, um movimento no sentido de politizar a discussão da crise financeira global, até agora confinada
ao noticiário e ao pensamento econômicos.
É sintomático que até um ex-banqueiro de investimentos, Felix Rohatyn, hoje embaixador dos Estados
Unidos na França, se mostre preocupado com a face política da crise.
"É importante lembrar que as crises
financeiras de hoje podem se tornar as
crises políticas ou de segurança de
amanhã, se não prestarmos muita
atenção às consequências das soluções
financeiras", disse Rohatyn em conferência ontem resumida pelo jornal
"The International Herald Tribune".
Reforçou o presidente filipino, Joseph Estrada, no encontro anual para
o leste da Ásia do Fórum Econômico
Mundial: "O caos econômico está provocando tensão nos sistemas político e
social. O consenso doméstico que
apoiou economias e sociedades mais
abertas em um crescente número de
países está ameaçado de se desfazer".
Rohatyn acha que esse consenso só
poderá ser preservado se os promotores de economias e sociedades mais
abertas deixarem claro que não acreditam que "mercados abertos significam o fim do governo e o sacrifício da
proteção social".
O notável é que o embaixador norte-americano acabou produzindo
uma frase que parece a inversão de
um dito tristemente famoso do então
chanceler brasileiro, Juracy Magalhães, para quem o que era bom para
os EUA era bom também o Brasil. Tese, de resto, que continua valendo para muita gente importante no país.
Rohatyn diz que "os EUA tiveram
êxito ao enfrentar muitos dos novos
desafios econômicos", mas acrescenta:
"Nós não pretendemos que o que funciona para nós funcione necessariamente para todos".
Por que os tupiniquins têm que acreditar no contrário? Só porque os dispensa de buscar alternativas que já
não venham pré-cozidas da matriz?
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