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FERNANDO RODRIGUES
Brizola em queda
BRASÍLIA - O líder máximo do PDT, Leonel Brizola, 80 anos, pode até acabar recebendo uma embaixada durante o governo Lula. Ou indicar alguém para algum cargo. Mas é nítida
a intenção de parte significativa da
cúpula petista de mudar os canais de
interlocução com o PDT.
O desejo de Lula é ter o deputado
federal Miro Teixeira (RJ) como ministro, possivelmente na pasta das
Comunicações, representando a cota
pedetista no governo federal.
Brizola, em conversa com Lula, sugeriu que ele mesmo, Brizola, poderia
ocupar algum ministério. Indicou
que gostaria de comandar uma pasta
inédita, algo como um "Ministério do
Mercosul". Também propôs Mangabeira Unger nas Relações Exteriores.
O Itamaraty, Lula já entregou para
o diplomata Celso Amorim. Não há a
mínima chance de o petista criar a
pasta do Mercosul. Em resumo, nada
do que Brizola queria foi aceito.
É evidente que Lula não pretende
humilhar ninguém. Muito menos
Brizola, seu candidato a vice-presidente em 1998. Mas o presidente eleito e seus principais assessores acreditam ter chegado a hora de ajudar o
PDT a oxigenar um pouco seus quadros. Daí o convite a Miro Teixeira,
muitas vezes considerado mais um
tucano do que um filiado ao partido
do engenheiro Brizola.
O PDT é uma sigla decadente. Em
89, Brizola era considerado um candidato com chances de conquistar o
Planalto. Perdeu para Lula no olho
mecânico a chance de disputar o segundo turno contra Collor. De lá para cá, foi ladeira abaixo.
Em 1994, o PDT elegeu 34 deputados. Caiu para 25 em 1998. Agora, só
conquistou 21 cadeiras.
Ou corrige o rumo ou tende a ser
extinto. Ao convidar Miro Teixeira, o
PT (por interesse e benefício próprio)
parece estar jogando uma corda para
que o PDT se agarre e pare de afundar. A dúvida de todos é como será a
reação do mercurial Brizola.
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