São Paulo, segunda-feira, 16 de dezembro de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Brizola em queda

BRASÍLIA - O líder máximo do PDT, Leonel Brizola, 80 anos, pode até acabar recebendo uma embaixada durante o governo Lula. Ou indicar alguém para algum cargo. Mas é nítida a intenção de parte significativa da cúpula petista de mudar os canais de interlocução com o PDT.
O desejo de Lula é ter o deputado federal Miro Teixeira (RJ) como ministro, possivelmente na pasta das Comunicações, representando a cota pedetista no governo federal.
Brizola, em conversa com Lula, sugeriu que ele mesmo, Brizola, poderia ocupar algum ministério. Indicou que gostaria de comandar uma pasta inédita, algo como um "Ministério do Mercosul". Também propôs Mangabeira Unger nas Relações Exteriores.
O Itamaraty, Lula já entregou para o diplomata Celso Amorim. Não há a mínima chance de o petista criar a pasta do Mercosul. Em resumo, nada do que Brizola queria foi aceito.
É evidente que Lula não pretende humilhar ninguém. Muito menos Brizola, seu candidato a vice-presidente em 1998. Mas o presidente eleito e seus principais assessores acreditam ter chegado a hora de ajudar o PDT a oxigenar um pouco seus quadros. Daí o convite a Miro Teixeira, muitas vezes considerado mais um tucano do que um filiado ao partido do engenheiro Brizola.
O PDT é uma sigla decadente. Em 89, Brizola era considerado um candidato com chances de conquistar o Planalto. Perdeu para Lula no olho mecânico a chance de disputar o segundo turno contra Collor. De lá para cá, foi ladeira abaixo.
Em 1994, o PDT elegeu 34 deputados. Caiu para 25 em 1998. Agora, só conquistou 21 cadeiras.
Ou corrige o rumo ou tende a ser extinto. Ao convidar Miro Teixeira, o PT (por interesse e benefício próprio) parece estar jogando uma corda para que o PDT se agarre e pare de afundar. A dúvida de todos é como será a reação do mercurial Brizola.


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