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ELIANE CANTANHÊDE
Rodando a baiana
BRASÍLIA - Começou mal a reunião da América Latina e do Caribe,
na Costa do Sauípe, na Bahia, hoje e
amanhã. A idéia era oferecer como
aperitivo o fim da dupla TEC (Tarifa Externa Comum) no Mercosul,
mas não deu certo. Os produtos importados vão continuar pagando
imposto no primeiro porto e de novo no destino, dentro do mesmo
bloco.
Se o acarajé do Mercosul azedou,
imagine o vatapá de Lula e Amorim
com os muy amigos Hugo Chávez,
Evo Morales e Rafael Correa.
Ou eles vão rodar a baiana, ou vai
virar convescote diplomático: intrigas e maledicências a dois e um
festival de hipocrisia para fotos e
microfones.
Lula, além de anfitrião, preside
um país emergente, mais capaz de
furar marolas, e adentrará o recinto
com as últimas pesquisas que lhe
conferem de 70% para mais de popularidade, pau a pau com a direita,
liderada por Alvaro Uribe, da Colômbia, e acima da média dos
"esquerdistas".
Por alto, Chávez aproveitou o resultado das últimas urnas e só pensa naquilo, a re-reeleição; Morales
convive com o fantasma da secessão, e Correa implode pontes com o
oásis de financiamento que é o Brasil, arriscando-se a esturricar no
deserto.
Mais ao sul, Cristina Kirchner foi
perdendo no caminho os índices
políticos e os feitos econômicos
herdados do marido; Fernando Lugo ainda tateia e já cobra mundos e
fundos brasileiros para o Paraguai,
e Tabaré Vázquez, que parecia uma
boa promessa, entra na reta final
sem mostrar a que veio. Sua sucessão no Uruguai será em 2009, e um
forte candidato é o senador José
Mujica, ex-líder tupamaro talhado
para engrossar o coro de Chávez.
Se a brisa baiana estiver boa, Lula
vai atrair os holofotes para ele. Se o
tempo esquentar, basta desviar as
luzes para o cubano Raul Castro, a
grande estrela. No final, dá tudo
certo. O importante é ficar bem
na foto.
elianec@uol.com.br
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