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EXPECTATIVA DE REFORMA
Não haverá , em horizonte visível, mudança relevante na
Previdência brasileira se não for vencida a idéia de que o servidor público
hoje na ativa tem direito inarredável à
aposentadoria integral. Uma reforma que se resumisse a instituir regime único para os novos ingressantes
só começaria a fazer efeitos após décadas de vigência. Está em jogo a capacidade da política brasileira, num
ambiente plenamente democrático,
de atacar com eficiência e justiça os
entraves estruturais ao desenvolvimento e à distribuição da renda.
Tudo gira em torno do que se entende por "direito adquirido" do funcionário público. Há duas posições
radicais a esse respeito, com sinais
trocados. A primeira advoga que o
servidor que ainda não se aposentou
não tem nenhuma garantia de que,
uma vez modificado o sistema, fará
jus à aposentadoria integral. A segunda defende que a pessoa que se
tornou servidora no regime atual,
mesmo que seja registrada um dia
antes da vigência do novo sistema de
pensões, terá pleno direito a receber
o benefício integral.
O que está sendo proposto agora
pelo governo petista já fora defendido anteriormente pelos então governistas tucanos. Trata-se de um sensato meio termo entre as duas posições radicais. Para os funcionários
que tivessem participado da transição entre o regime especial (antigo) e
o universal (novo), caberia uma aposentadoria proporcional, que mesclasse os dois sistemas.
Personalidades expressivas do direito constitucional brasileiro corroboram a tese ora defendida pelo PT.
Julgamentos anteriores do Supremo
Tribunal Federal em matéria previdenciária negaram a tese radical do
direito adquirido a quem ainda não
reúne condições de aposentar-se.
Parece perfeitamente defensável,
portanto, que o Executivo formule
uma proposta de reforma previdenciária prevendo a conservação do direito adquirido até a data da vigência
do novo modelo. O que continua indefensável são as atitudes do governismo petista em favor da manutenção de sistemas especiais de aposentadoria. Agora é o presidente nacional do PT, José Genoino, quem propugna por tratamento especial aos
militares e aos juízes. Concessões ao
corporativismo são a maior ameaça à
reforma da Previdência.
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