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São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 2003

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OS SEIS AMIGOS

É uma boa notícia a da formação do Grupo de Amigos da Venezuela para ajudar a mediar a crise política entre o presidente Hugo Chávez e a oposição. A iniciativa representa ainda uma relativa vitória da diplomacia brasileira.
O grupo terá como membros Brasil, EUA, México, Chile, Espanha e Portugal. Sua missão é auxiliar o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, César Gaviria, a encontrar solução negociada entre chavistas e antichavistas, de modo a pôr um fim ao impasse que ameaça conflagrar a Venezuela.
A criação do Grupo de Amigos é uma iniciativa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva à qual os EUA, de início, se opuseram. Preferiam que Gaviria e a OEA seguissem no comando exclusivo da mediação internacional. Acabaram, porém, por ceder e aceitaram participar do Grupo.
É cedo para afirmar se a iniciativa internacional vai prosperar. Mas, no conjunto, o Grupo de Amigos apresenta uma composição equilibrada, que tende a facilitar o diálogo.
É importante que Lula e o Itamaraty adotem, a partir de agora, a equidistância como norma. A fim de poder exercer a mediação, o governo brasileiro precisa conquistar a confiança das amplas forças de oposição a Chávez. Vale notar que a participação do Brasil no Grupo já não foi vista com bons olhos pelos antichavistas.
Espera-se, evidentemente, um comportamento idêntico dos EUA e dos demais membros. Washington, convém lembrar, na prática coonestou a tentativa fracassada de depor Chávez, em abril do ano passado.
O governo Lula defende um papel mais ativo para a diplomacia brasileira na América do Sul. Trata-se de uma diretriz em tese correta. Mas Brasília deve adotar todas as cautelas para não ultrapassar a fronteira que separa uma política externa mais atuante da interferência indevida em assuntos que concernem tão-somente à população de outros países.


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