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OS SEIS AMIGOS
É uma boa notícia a da formação
do Grupo de Amigos da Venezuela para ajudar a mediar a crise política entre o presidente Hugo Chávez e a oposição. A iniciativa representa ainda uma relativa vitória da diplomacia brasileira.
O grupo terá como membros Brasil, EUA, México, Chile, Espanha e
Portugal. Sua missão é auxiliar o secretário-geral da Organização dos
Estados Americanos, César Gaviria,
a encontrar solução negociada entre
chavistas e antichavistas, de modo a
pôr um fim ao impasse que ameaça
conflagrar a Venezuela.
A criação do Grupo de Amigos é
uma iniciativa do governo de Luiz
Inácio Lula da Silva à qual os EUA, de
início, se opuseram. Preferiam que
Gaviria e a OEA seguissem no comando exclusivo da mediação internacional. Acabaram, porém, por ceder e aceitaram participar do Grupo.
É cedo para afirmar se a iniciativa
internacional vai prosperar. Mas, no
conjunto, o Grupo de Amigos apresenta uma composição equilibrada,
que tende a facilitar o diálogo.
É importante que Lula e o Itamaraty
adotem, a partir de agora, a equidistância como norma. A fim de poder
exercer a mediação, o governo brasileiro precisa conquistar a confiança
das amplas forças de oposição a
Chávez. Vale notar que a participação
do Brasil no Grupo já não foi vista
com bons olhos pelos antichavistas.
Espera-se, evidentemente, um
comportamento idêntico dos EUA e
dos demais membros. Washington,
convém lembrar, na prática coonestou a tentativa fracassada de depor
Chávez, em abril do ano passado.
O governo Lula defende um papel
mais ativo para a diplomacia brasileira na América do Sul. Trata-se de
uma diretriz em tese correta. Mas
Brasília deve adotar todas as cautelas
para não ultrapassar a fronteira que
separa uma política externa mais
atuante da interferência indevida em
assuntos que concernem tão-somente à população de outros países.
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