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ELIANE CANTANHÊDE
Barbas de molho (e não são de Lula)
BRASÍLIA - FHC e Lula podem ter
um segundo encontro neste ano, em
torno do mesmo tema: a segurança
(ou insegurança) pública.
Os dois se sentaram no Palácio do
Planalto logo depois do assassinato
brutal do prefeito petista Celso Daniel, de Santo André. E podem se sentar novamente no próximo dia 27 para discutir o plano do PT para a segurança. Um plano ambicioso.
A intenção é produzir mais um gesto de grandeza dos dois lados, colocando uma questão de interesse nacional acima dos partidos e das disputas políticas. FHC lucra, Lula também lucra. E, na prática, podem pressionar a votação no Congresso de um
"pacote rápido" contra a violência.
"Se abrir muito o leque de projetos,
não se aprova nada", diz o deputado
petista Paulo Delgado (MG), que almoçou na sexta com o secretário-geral da Presidência, Arthur Virgílio.
O Congresso poderia concentrar esforços, por exemplo, no fim da comutação de pena. Hoje, a sentença é
uma, a pena é outra, muito menor. A
intenção é igualar as duas, acabando
com artifícios como "bom comportamento". O sujeito foi condenado a 20
anos, pois que cumpra os 20 anos.
O encontro Virgílio-Delgado, porém, não foi para falar só de segurança. Foi para falar também, ou principalmente, sobre o cenário eleitoral
considerado ideal tanto para os moderados do PT (como Delgado)
quanto para a esquerda do PSDB
(onde se encaixa Virgílio): um segundo turno entre Lula e José Serra.
Não significa acordo, compromisso,
bandeira branca, nada disso. Mas, se
eu fosse Roseana Sarney (PFL) ou
Anthony Garotinho (PSB), teria ficado com as orelhas ardendo. Roseana
atrapalha especialmente a candidatura Serra, mas também a de Lula.
Garotinho atrapalha especialmente
a candidatura Lula, mas também a
de qualquer candidato governista.
Conclusão: PT e PSDB são adversários, mas também aliados. Contra
Roseana, Garotinho e até Ciro. Ainda falta muito para a eleição, mas os
dois já se elegeram adversários preferenciais. Depois? Depois é depois.
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