São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Sombra no Planalto
"O Congresso poderia aproveitar esse episódio do Waldomiro Diniz e adiantar a discussão da reforma política, especialmente o financiamento público de campanhas eleitorais. Não dá mais para aceitar a hipocrisia de políticos que posam de vestais quando se sabe que todos os partidos hoje fazem uso de subterfúgios e de esquemas nem um pouco éticos para alimentar a chamada caixinha de campanha. Essa é uma prática antiga que precisa ser substituída por um sistema mais democrático e transparente. Se o financiamento for público, a população saberá realmente quanto recebeu cada um dos partidos. Estes, por sua vez, não precisarão recorrer a contribuições suspeitas para garantir campanhas milionárias. As relações promíscuas com financiadores de reputação mais do que suspeita têm contribuído para desgastar a imagem de políticos e para criar um clima de descrédito da população no Legislativo."
Anderson Fontes Amaral (São Paulo, SP)

 

"A partir do "edificante" episódio Waldomiro Diniz -que, infelizmente, não vai resultar em CPI-, o partido que se denominava o verdadeiro paladino da moralidade administrativa mostra não possuir a mínima condição moral para continuar a criticar seus desafetos históricos, como o ex-prefeito Paulo Maluf, entre outros."
Ernesto de Almeida (São Paulo, SP)

 

"O que está acontecendo com o PT? Não importa que o caso Waldomiro se refira à disputa de 2002. Parece que realmente houve corrupção, e ela tem de ser investigada. Como é que pode um sujeito recolher grana de um bicheiro para a campanha em nome do PT e os caciques do partido acharem que está tudo bem? Com essa posição, o partido só consegue pôr mais gasolina na desconfiança."
Márcia Meireles (São Paulo, SP)

 

"Se as denúncias sobre a conduta de Waldomiro Diniz são anteriores a 2002, como disse o ministro José Dirceu, tanto pior. Como cidadã, sinto-me frustrada e incomodada por saber que minha vida, de alguma forma, vem sendo conduzida por pessoas com comportamentos desabonadores que ocupam cargos no governo -a convite dos ocupantes do poder. Nas palavras do barão de Itararé: "Diga-me com quem andas, que direi se vou contigo"."
Adriana Gragnani (São Paulo, SP)

Lucro recorde e investimento
"Espero que a Petrobras invista parte de seu lucro recorde ("Lucro da Petrobras dobra e é o maior do país", Dinheiro, 14/2) em prevenção de acidentes ecológicos e na recuperação do ambiente, tão prejudicado por ela no passado recente."
Virginia Carneiro Velloso (São Paulo, SP)

 

"Os lucros apresentados pela Petrobras em 2003 foram altíssimos (R$ 17,8 bilhões de lucro líquido), o que indica que estamos pagando preços escorchantes pela gasolina de má qualidade que consumimos. E, como se isso não bastasse, o crescimento do lucro é abusivo (120%). Nem os bancos atingiram esse crescimento. E então, brasileiros, vamos continuar assistindo a isso?"
Pedro Frosi Rosa (São Paulo, SP)

Imposto de Renda
"Quando votei neste nosso presidente-trabalhador, não poderia imaginar que ele contava com o dinheiro do meu bolso para consertar as mazelas do passado tucano. Não me lembro de ele ter comentado isso durante a campanha. Passou o Natal, vai passar o Carnaval e minha restituição não chega!"
Luiz Antonio Pereira de Souza (São Paulo, SP)

Punições
"Assim como a responsável pela torta na cara do ministro Berzoini interpreta o pedido de punição por parte do ministro do Trabalho, também procuro saber onde estão as punições para os altos responsáveis do governo por tudo aquilo que eles já fizeram, como a retirada dos poderes dos trabalhadores e a decisão, depois revogada, de cortar verbas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil -Peti."
Luís Felipe Vendramim (Piracicaba, SP)

Mortalidade infantil
"Em relação à mortalidade infantil no município de São Paulo (Cotidiano, 16/ 2), gostaria de dizer que criança pequena morre basicamente por causa das seguintes razões: 1) porque não foi feito o número mínimo de consultas e/ou exames básicos recomendados durante o pré-natal; 2) porque não recebeu cuidados adequados durante o parto e no pós-parto imediato; 3) porque não teve bem manejadas as doenças perinatais e respiratórias sobretudo nas primeiras semanas de vida; 4) porque não foi amamentada de forma exclusiva pelo seio materno até os seis meses de idade. O Estado atribuir esse problema à crise econômica e ao desemprego é uma forma de querer se eximir de sua responsabilidade. Programas sociais e outros tantos que cada governo endemicamente inventa não reduzem a mortalidade infantil de forma significativa. A erradicação da fome, por exemplo, reduziria em menos de 1% os óbitos infantis. A mortalidade infantil não é reduzida de forma importante porque os governos não fazem a lição de casa, isto é, não põem em prática aquilo que já se sabe -como os cuidados acima mencionados."
Juraci A. Cesar (Londres, Inglaterra)

Enchentes
"Enfim, repórteres de verdade. As reportagens sobre as enchentes em São Paulo estão ótimas, pois as repórteres Mariana Viveiros e Simone Iwasso têm chamado para dar explicações gente que entende do assunto -como Vanderli Custódio, doutora em geografia pela USP-, e não quem mais emporcalhou a nossa cidade: os engenheiros. Alguém já viu algum concurso para geógrafo, geólogo ou meteorologista para a prefeitura, Estado ou governo federal? Eu nunca vi. Os projetos em nossas cidades são feitos a olho. Por isso tantas favelas, loteamentos irregulares etc."
Fernando Costa (São Paulo, SP)

Clonagem terapêutica
"Parabenizo a Folha por defender com tanta propriedade uma causa que é não só dos cientistas mas de toda a nação: liberdade e autonomia para a ciência. De que adianta produzir ciência se ela não irá beneficiar o nosso povo? De que adianta produzir uma planta transgênica resistente a pragas se ela não pode ser plantada no Brasil? De que adianta desenvolver testes genéticos para diagnóstico e prevenção de inúmeras doenças genéticas se o SUS não cobre o custo desses exames para a população mais pobre? Fazer ciência que não beneficia a população é morrer na praia. A terapia celular com células-tronco, embrionárias ou não, representa a medicina do futuro. Se as células-tronco de adultos ou de cordão umbilical não tiverem o potencial de diferenciar-se nos tecidos que precisam ser regenerados, a opção será usar células-tronco embrionárias. Elas podem ser obtidas de embriões descartados ou pela clonagem terapêutica. Isso abrirá caminho para a clonagem reprodutiva? Não! Basta proibir a transferência para o útero! Vai preservar vidas? Sim! As vidas de milhões de afetados por doenças degenerativas, que estão condenados."
Mayana Zatz, professora titular de genética humana e coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

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