|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
O bloco na rua
BRASÍLIA - Lula recuperou-se bem nestes dois primeiros meses e tende a
se consolidar até junho como candidato com vaga certa no segundo turno. Mas a moleza vai acabar, e ele vai
deixar de ser candidato único.
A declaração de ontem de Tasso Jereissati, apressando a definição da
candidatura tucana, foi um grito de
guerra. Para tirar FHC de cena e jogar os holofotes em cima de Serra ou
Alckmin, criando enfim uma polarização com Lula.
A definição parece caminhar para
Serra, apesar de ainda muito envergonhada, para não aprofundar mágoas. Ele é o mais bem colocado nas
pesquisas, foi candidato em 2002,
aceitou disputar a prefeitura contra a
vontade, é um nome nacional e um
dos fundadores do PSDB.
Além disso, Serra conquistou a preferência da cúpula do PFL, manteve
a simpatia dos oposicionistas do
PMDB e é respeitado por boa parte
da direita e da esquerda -inclusive
da esquerda que vota em Lula. Por
que não seria ele?
Os riscos existem, como sempre
existem em candidaturas. Largar a
prefeitura -e, para um pefelista, tão
pouco tempo depois de assumir- é,
realmente, uma decisão difícil. A possibilidade de uma cisão irrecuperável
com Alckmin é perigosa para a campanha e para um eventual governo.
E, enfim, perder eleições é e sempre
será um risco de qualquer político.
Mas, neste momento, há um temor
bem mais imediato, compartilhado
por Serra e por tucanos, pefelistas e
oposicionistas do PMDB: o efeito psicológico das pesquisas. Entrar na
campanha na dianteira e com a onda a favor teria sido muito melhor do
que entrar com Lula em ascensão e
seus adversários estagnados ou em
declínio. Daí a pressa.
Serra e Alckmin são nomes sólidos,
trabalharam bem suas chances e têm,
ambos, condições de fazer uma boa
campanha. A questão, porém, é que é
preciso tirar a teima. Ou seja, a oposição a Lula concluiu que está na hora
de botar o bloco na rua. Ironicamente, depois de o carnaval passar.
@ - elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: As culpas no Haiti Próximo Texto: Rio de Janeiro - Nelson Motta: Os anos JQ Índice
|