São Paulo, sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

O bloco na rua

BRASÍLIA - Lula recuperou-se bem nestes dois primeiros meses e tende a se consolidar até junho como candidato com vaga certa no segundo turno. Mas a moleza vai acabar, e ele vai deixar de ser candidato único.
A declaração de ontem de Tasso Jereissati, apressando a definição da candidatura tucana, foi um grito de guerra. Para tirar FHC de cena e jogar os holofotes em cima de Serra ou Alckmin, criando enfim uma polarização com Lula.
A definição parece caminhar para Serra, apesar de ainda muito envergonhada, para não aprofundar mágoas. Ele é o mais bem colocado nas pesquisas, foi candidato em 2002, aceitou disputar a prefeitura contra a vontade, é um nome nacional e um dos fundadores do PSDB.
Além disso, Serra conquistou a preferência da cúpula do PFL, manteve a simpatia dos oposicionistas do PMDB e é respeitado por boa parte da direita e da esquerda -inclusive da esquerda que vota em Lula. Por que não seria ele?
Os riscos existem, como sempre existem em candidaturas. Largar a prefeitura -e, para um pefelista, tão pouco tempo depois de assumir- é, realmente, uma decisão difícil. A possibilidade de uma cisão irrecuperável com Alckmin é perigosa para a campanha e para um eventual governo. E, enfim, perder eleições é e sempre será um risco de qualquer político.
Mas, neste momento, há um temor bem mais imediato, compartilhado por Serra e por tucanos, pefelistas e oposicionistas do PMDB: o efeito psicológico das pesquisas. Entrar na campanha na dianteira e com a onda a favor teria sido muito melhor do que entrar com Lula em ascensão e seus adversários estagnados ou em declínio. Daí a pressa.
Serra e Alckmin são nomes sólidos, trabalharam bem suas chances e têm, ambos, condições de fazer uma boa campanha. A questão, porém, é que é preciso tirar a teima. Ou seja, a oposição a Lula concluiu que está na hora de botar o bloco na rua. Ironicamente, depois de o carnaval passar.

@ - elianec@uol.com.br


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