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DINÂMICA DESIGUAL
Pesquisa sobre o desempenho
da indústria, divulgada pelo IBGE, mostra que a recuperação em
curso na economia permanece com
um perfil bastante desigual. O dinamismo é maior no agronegócio e
nos setores ligados à exportação, enquanto a debilidade do consumo,
afetado pela queda da renda e pelo
desemprego, retarda a melhoria da
atividade em setores como alimentação, bebidas, vestuário e calçados.
Na comparação regional de janeiro
do ano passado com janeiro deste
ano, o destaque da produção industrial foi o Rio Grande do Sul, com
crescimento de 11,3%, puxado por
máquinas agrícolas e transporte.
Em segundo lugar veio a indústria
paulista (que responde por cerca de
40% da produção brasileira), com
expansão de 4,6%, influenciada positivamente pelo setor químico. O
pior desempenho foi o do Rio de Janeiro, com -5,9%, ligado ao arrefecimento da extração de petróleo em relação a janeiro do ano passado.
Os dados regionais são claros ao
indicar que a produção voltada para
o mercado doméstico, com exceção
do setor de bens duráveis, beneficiado pelo crédito ao consumidor, permanece aquém das expectativas da
indústria, que esperava um início de
2004 mais promissor. Quanto a isso,
foram sintomáticas as declarações
do ministro do Desenvolvimento,
Luiz Fernando Furlan, ao rebater críticas endereçadas à política econômica. Dizendo compreender a impaciência dos industriais, Furlan ratificou as avaliações de que a reativação
do mercado interno será lenta.
Considerando que as exportações
já se encontram em patamar bastante elevado e que as demandas à indústria geradas pelo crescimento do
agronegócio tendem a encontrar
seus limites, é recomendável cautela
na avaliação do processo de recuperação. Com o Banco Central na defensiva, a renda enfraquecida e o panorama político turbulento, vão ficando mais longínquas as perspectivas do anunciado "espetáculo do
crescimento". Assim, seria importante que o BC desse um sinal de estímulo para a produção e o consumo
com a retomada, na reunião de hoje,
dos cortes na taxa de juros.
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