|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
A hidra petista
BRASÍLIA - Ex-arenista convertido ao PMDB e hoje ao lulismo, José Sarney criou o "centrão" para governar
com o Congresso a favor. Esse ajuntamento de deputados e senadores notabilizou-se pelo apetite por cargos e
verbas. O léxico político incorporou o
termo "fisiologismo".
No governo Lula, existe algo parecido ao "centrão" sarneyzista. É uma
hidra de quatro cabeças composta
por PL, PTB, PP e PMDB -esse último, acoplado recentemente.
No início de sua administração, Lula recebeu uma onda de adesões. Deputados e senadores queriam entrar
no PT. Era necessário manter as aparências. José Dirceu criou uma fórmula engenhosa: mandou-os para
partidos sob influência do Planalto.
O resultado é um flagelo. Juntos,
PL, PTB e PP elegeram 101 deputados
em outubro de 2002. No dia da posse,
em fevereiro do ano passado, já estavam com 118. Hoje, são 150 -um aumento de 48,5% que não tem conexão com o desejo dos eleitores. Somem-se a isso os 78 deputados do
PMDB e toma forma a hidra de 228
cadeiras na Câmara, um frankenstein patrocinado pelo lulismo.
Ingênuo ou arrogante, o PT achava
possível ter um "centrão" sarneyzista
sem precisar dar de comer a essa gente. Ou, no máximo, ofereceria alface
aos leões. Ficariam todos felizes só de
estar ao lado de Lula.
A realidade é outra. O PMDB reclama? Arrumam-se dois ministérios.
Reclama mais. Dá-se a presidência
dos Correios. O presidente do PL grita
"fora, Palocci!", agüenta-se o tranco e
se distribui um ou outro cargo na
surdina. Não há saída.
Lula e o PT estão reféns daqueles
que um dia o presidente chamou de
300 picaretas. A saída é a economia
do país crescer de maneira acelerada.
Mas isso até o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, já percebeu que
não vai acontecer.
Texto Anterior: Londres - Clóvis Rossi: Criar x gerir Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Crioulo doido Índice
|