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Sindicalismo esperto
COMO PREVISTO , a Câmara
dos Deputados voltou atrás
e decidiu recriar o chamado imposto sindical, a contribuição compulsória correspondente a um dia de salário por ano cobrada de todos os trabalhadores
com carteira assinada. Ela irriga
os sindicatos com uma verba
anual da ordem de R$ 1 bilhão.
O tributo chegou a ser extinto
em projeto de lei aprovado na
Câmara em outubro passado,
mas, após forte pressão de sindicatos e do governo, o dispositivo
foi fulminado primeiro pelos senadores e agora pelos deputados.
Até aqui, apenas se desperdiçou uma excelente oportunidade
de fazer avançar o sindicalismo
brasileiro, livrando-o da tutela
do Estado -medida que, vale registrar, contava com o apoio da
CUT até sua ascensão às proximidades do poder. Só que o duvidoso consórcio entre governo,
parlamentares e sindicalistas
ameaça ir além e já ultima um
novo projeto de lei que investe
contra o bolso do trabalhador.
O logro atende pelo nome de
"contribuição negocial", que
pretende unificar o imposto sindical e a taxa assistencial. A primeira esparrela está no fato de
que a taxa assistencial, ao contrário da contribuição sindical,
não é obrigatória, podendo o trabalhador recusar-se a pagá-la.
Na unificação, ao menos para
efeitos práticos, a obrigatoriedade seria estendida a ambas.
E não é só. Pelo que se discute,
o valor da contribuição negocial
seria definido em assembléias
das categorias -que são controladas pelos sindicatos-, mas pago por todos os trabalhadores,
sindicalizados ou não.
Sindicatos saudáveis se constroem longe da sombra do Estado e de benesses paraoficiais oferecidas a lideranças que rapidamente se encastelam na máquina sindical e passam a representar muito mais seus próprios interesses do que os da categoria.
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