São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Terra
"O governador Geraldo Alckmin está certo ao cobrar do governo federal uma atitude mais firme em relação ao MST. Afinal, não se pode admitir que um movimento que se diz social e preocupado em fixar famílias no campo se arrogue o direito de comprometer projetos agrícolas e pesquisas. Como ainda vivemos sob o "império da lei", a frase do governador -"em São Paulo, invadiu, vai ter de desinvadir"- sem dúvida traduz o sentimento da maioria do povo ordeiro e trabalhador do Estado."
Anselmo Ribeiro (Santo André, SP)

Jornalismo
"O texto de 15/4 de Otavio Frias Filho ("Abaixo o jornalismo", pág. A2), além de verdadeiro e realista, é de uma concisão invejável. Em alguns parágrafos, o jornalista conseguiu expor o pensamento dos brasileiros (pelos menos da maioria deles) em relação aos fatos que vêm ocorrendo entre governo e imprensa. É muito fácil governar e ter toda a imprensa a seu favor. Difícil é aceitar que há erros, sim, e muitos, e que os jornalistas têm todo o direito de comentá-los e expô-los para a opinião pública. A impressão que se tem é que o pessoal do governo, incluindo o presidente, nem ao menos se dá ao trabalho de ler tudo que é escrito, pois são pouquíssimas as refutações que temos visto. Somente ficam alertas quando algum novo escândalo ocorre. Ao mesmo tempo que o texto de Otavio Frias Filho só merece elogios (não apenas pelo conteúdo mas também pela correção, pela coesão e pela coerência), temos, na mesma edição, "O fator Lula na aposta Brasil", de Cândido Mendes (pág. A3). Embora o autor seja membro de ABL, em minha opinião, o texto é caótico. Terminei de lê-lo, reli-o e até agora não entendi o que o autor pretendia. Que pena!"
Maíza Costa Neiva (São Paulo, SP)
 

"Como sempre, o senhor Otavio Frias Filho bate na tecla da falta de formação acadêmica do presidente Lula, dizendo que "o Brasil paga a conta, agora, de tamanha complacência" por parte da imprensa e dos adversários para com tal deficiência. Esquece-se ou, pior, omite o sr. Frias que quem nos colocou nesta situação econômica calamitosa foi o mais culto presidente que o Brasil já teve, Fernando Henrique Cardoso. Preparo acadêmico é importante, mas não garante competência, sabemos disso muito bem. Parece que o sr. Otavio Frias Filho quer a todo custo provar o seu ponto de vista -o de que Lula, por não ter "canudo", não pode governar o Brasil. Parece não ter até hoje assimilado as críticas recebidas pelo artigo que escreveu à época da última eleição presidencial expondo suas restrições. Isso não é jornalismo, é birra de mauricinho."
Celso Balloti (São Paulo, SP)
Resposta do jornalista Otavio Frias Filho - Não considero e nunca escrevi que diploma universitário seja condição para uma pessoa exercer o cargo de presidente da República.

Saúde
"Em relação às afirmações de que, no entendimento do governo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária "pode virar departamento de ministério" ("Modelo surgiu com o processo de privatização", Dinheiro, 13/4), esclareço que não há nenhum movimento ou intenção por parte do governo federal nessa direção. A Anvisa completa cinco anos de atuação neste mês e conquistou nesse período espaço que jamais a área de vigilância sanitária teve, sendo reconhecida unanimemente por seu setor regulado, pelo governo, por diferentes categorias de profissionais de saúde e por representantes de consumidores que interagem cotidianamente com o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária."
Cláudio Maierovitch Pessanha Henriques, diretor-presidente da Anvisa (Brasília, DF)

Resposta do repórter Humberto Medina - O próprio governo separa as agências em grupos diferentes e, em diversas ocasiões, como na entrevista de anúncio do projeto de lei das agências, informou que poderá haver modificações nas agências que não são consideradas "de Estado", como é o caso da Anvisa.

Insone
"Preocupante a frase no pára-choque traseiro de um caminhão: "Antes eu sonhava, agora não consigo dormir". Creio que essa frase retrate fielmente a situação de grande parcela da população brasileira! Cadê o nosso governo?"
Walber Ramos Ribeiro (São Paulo, SP)

Investigação criminal
"Sobre o artigo "Constituição e investigação criminal" ("Tendências/Debates", 14/4), gostaria de tecer uma breve consideração. Sou promotor de Justiça e tenho, entre outras atribuições legais e constitucionais, a de atender ao público. No cumprimento dessa atribuição, já presenciei vários casos em que, por medo ou desconfiança da polícia ou devido à mais irrestrita confiança no Ministério Público, aquele que era atendido informou que só prestaria depoimento e noticiaria o crime ao promotor de Justiça. Pergunto então ao doutor Marco Antônio Rodrigues Nahum: o que fazer com esse cidadão, em geral carente, que nos procura? Encaminhá-lo à delegacia? Toma-se por termo suas declarações e, quebrando a confiança no Ministério Público depositada, requisita-se ao delegado de polícia a instauração do inquérito policial? Muito provavelmente o cidadão deixará a cidade e nunca mais será encontrado. E a Justiça penal ficará a ver navios!"
Marcelo Alexandre de Oliveira (Ubatuba, SP)

Cotas
"O texto "UFBA reserva 43% das vagas para negros e alunos da rede pública" (Cotidiano, 7/4) absolutamente não corresponde ao que informei ao repórter. Informei, claramente, que a UFBa ainda não tinha nenhuma decisão sobre cotas e que a proposta elaborada pelo grupo de trabalho encarregado de propor estratégias de inclusão social, que foi o tema da entrevista, ainda seria apresentada ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, ao qual cabe decidir a respeito do assunto. O repórter perguntou sobre a decisão no grupo de trabalho e informou diferentemente, colocando entre aspas, como sendo declaração minha, o que nunca disse -que a proposta seria aprovada por unanimidade. É um evidente absurdo pretender conhecer antecipadamente a decisão de um órgão colegiado, principalmente sobre um tema que nunca entrou em discussão. Certamente eu não o faria -e foi o que disse ao repórter. A notícia errada atrapalha um trabalho sério que vem sendo feito de discutir criteriosamente como ampliar a possibilidade de acesso à universidade de grupos sociais historicamente em desvantagem. A correção da reportagem está sendo transmitida à universidade. Diversos outros órgãos da imprensa têm procurado confirmação da reportagem e têm sido informados dos erros."
Maerbal B. Marinho, pró-reitor de ensino de graduação (Universidade Federal da Bahia)

Resposta do repórter Luiz Francisco, da Agência Folha- O texto deixa claro que a proposta seria encaminhada para o conselho formado por representantes da universidade. Na entrevista, o pró-reitor confirmou que a proposta seria aprovada (como de fato aconteceu) e que tinha o apoio da própria UFBa.


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