São Paulo, quinta-feira, 17 de maio de 2007

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Retrocesso no Tietê

A melhoria da qualidade das águas do rio Tietê depende do esforço coordenado do Estado e dos municípios da região

QUINZE ANOS depois de iniciado o projeto de despoluição do Tietê, a qualidade da água do rio piorou em 2006 e, em alguns trechos, retornou aos mais baixos índices históricos, registrando até ausência de oxigênio, o que inviabiliza a vida da fauna.
Apesar de ainda não haver um diagnóstico preciso das razões do retrocesso, está evidente que qualquer esforço de preservação do Tietê deve contar com o trabalho coordenado dos governos do Estado e dos municípios paulistas que jogam dejetos no rio.
Esse esforço inclui a interligação das redes de coleta e tratamento de esgoto e a melhoria dos serviços de limpeza urbana. Não existe fórmula mágica que leve à despoluição do rio, se o volume de dejetos que ele recebe diariamente continuar nos alarmantes níveis atuais.
O não-tratamento de esgoto em várias regiões da Grande São Paulo está entre as principais causas da degradação da qualidade da água do Tietê.
Guarulhos, por exemplo, tem um índice zero de tratamento do esgoto que joga no rio. Em Diadema, o percentual é de pouco mais de 10%, enquanto em São Bernardo do Campo, ele alcança 20%. São números baixos, que envergonham a região mais industrializada do país.
Lançado em 1992, o Projeto Tietê teve duas ações principais: o aprofundamento da calha do rio e a ampliação do volume de esgoto tratado.
Na primeira fase, foram construídas, pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), estações de tratamento que têm capacidade de processar todo o esgoto produzido na Grande São Paulo.
Em seguida, passou-se à etapa de negociação de convênios com os municípios para interligação de suas redes com as estações, por meio de contratos com a Sabesp ou por intermédio de empresas de saneamento locais. Das cidades da Grande São Paulo, a única que ainda continua em negociação é Guarulhos.
É fundamental que essas obras de interligação sejam realizadas o mais rapidamente possível, para evitar a repetição do resultado do ano passado, de piora da qualidade das águas do rio, apontada pela própria Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental).
A população também continua a dar sua contribuição para a deterioração do Tietê. Toneladas de lixo deixado nas ruas são levadas pelas chuvas para as águas do rio, fenômeno que se agravou com o aumento das precipitações no fim do ano passado.
O governo do Estado calcula que 35% da poluição do rio é provoca por essa "carga difusa", cuja redução depende do compromisso de cada cidadão.
A secretária de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo, Dilma Pena, lamenta o resultado do ano passado, mas lembra que já se avançou muito na despoluição do rio, principalmente a jusante da capital. Progressos adicionais dependem do empenho da sociedade da região metropolitana de São Paulo, do Estado e dos municípios. Sem isso, corremos o risco de voltar a ver nova piora dos índices de poluição.


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