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Retrocesso no Tietê
A melhoria da qualidade das águas do rio Tietê depende do esforço coordenado do Estado e dos municípios da região
QUINZE ANOS depois de
iniciado o projeto de
despoluição do Tietê, a
qualidade da água do
rio piorou em 2006 e, em alguns
trechos, retornou aos mais baixos índices históricos, registrando até ausência de oxigênio, o
que inviabiliza a vida da fauna.
Apesar de ainda não haver um
diagnóstico preciso das razões
do retrocesso, está evidente que
qualquer esforço de preservação
do Tietê deve contar com o trabalho coordenado dos governos
do Estado e dos municípios paulistas que jogam dejetos no rio.
Esse esforço inclui a interligação das redes de coleta e tratamento de esgoto e a melhoria dos
serviços de limpeza urbana. Não
existe fórmula mágica que leve à
despoluição do rio, se o volume
de dejetos que ele recebe diariamente continuar nos alarmantes
níveis atuais.
O não-tratamento de esgoto
em várias regiões da Grande São
Paulo está entre as principais
causas da degradação da qualidade da água do Tietê.
Guarulhos, por exemplo, tem
um índice zero de tratamento do
esgoto que joga no rio. Em Diadema, o percentual é de pouco
mais de 10%, enquanto em São
Bernardo do Campo, ele alcança
20%. São números baixos, que
envergonham a região mais industrializada do país.
Lançado em 1992, o Projeto
Tietê teve duas ações principais:
o aprofundamento da calha do
rio e a ampliação do volume de
esgoto tratado.
Na primeira fase, foram construídas, pela Sabesp (Companhia
de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo), estações de tratamento que têm capacidade de
processar todo o esgoto produzido na Grande São Paulo.
Em seguida, passou-se à etapa
de negociação de convênios com
os municípios para interligação
de suas redes com as estações,
por meio de contratos com a Sabesp ou por intermédio de empresas de saneamento locais.
Das cidades da Grande São Paulo, a única que ainda continua em
negociação é Guarulhos.
É fundamental que essas obras
de interligação sejam realizadas
o mais rapidamente possível, para evitar a repetição do resultado
do ano passado, de piora da qualidade das águas do rio, apontada
pela própria Cetesb (Companhia
de Tecnologia e Saneamento
Ambiental).
A população também continua
a dar sua contribuição para a deterioração do Tietê. Toneladas
de lixo deixado nas ruas são levadas pelas chuvas para as águas do
rio, fenômeno que se agravou
com o aumento das precipitações no fim do ano passado.
O governo do Estado calcula
que 35% da poluição do rio é provoca por essa "carga difusa", cuja
redução depende do compromisso de cada cidadão.
A secretária de Saneamento e
Energia do Estado de São Paulo,
Dilma Pena, lamenta o resultado
do ano passado, mas lembra que
já se avançou muito na despoluição do rio, principalmente a jusante da capital. Progressos adicionais dependem do empenho
da sociedade da região metropolitana de São Paulo, do Estado e
dos municípios. Sem isso, corremos o risco de voltar a ver nova
piora dos índices de poluição.
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