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POBRE CLASSE MÉDIA
Entre 1997 e 2002, as famílias brasileiras consideradas de
classe média perderam mais de 30% de sua renda em valores reais (descontada a inflação). Metade dessa queda ocorreu em 2002, de acordo
com a pesquisa realizada pela Ipsos-Marplan, publicada pela Folha.
Para tentar equilibrar-se a uma situação de renda menor (entre R$
1.158 e R$ 4.696), essa parcela da população, que representa cerca de 17%
do total de famílias brasileiras, cortou gastos, reduziu o lazer e adiou
planos de consumo. A pesquisa mostrou que caíram drasticamente o
consumo de bebidas, as viagens e a frequência a academias, clubes, teatros e restaurantes.
No mesmo sentido, os dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) e da Agência Nacional de Saúde (ANS) explicitaram
que cerca de 4 milhões de pessoas
perderam seus planos de saúde nos
últimos quatro anos. A onda de reestruturações e enxugamento de funcionários das empresas expulsou os
usuários desses planos, grande parte
deles oriunda da classe média.
Esses dados revelam um processo
estrutural de empobrecimento da
classe média brasileira, provocado
pelo aumento do desemprego, pelas
terceirizações e pela deterioração dos
salários. Porém, um dos determinantes para essa queda no padrão de
vida foi a disparada dos preços dos
serviços e tarifas públicas. Os preços
da gasolina, energia elétrica, telefonia e serviços pessoais subiram acima da inflação desde a desvalorização cambial em 1999, corroendo o
poder aquisitivo da classe média.
Além de expressar as dificuldades
por que passa a economia brasileira,
há uma dimensão política embutida
no empobrecimento da classe média. Seguramente, esse setor ajudou
a eleger o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e é um dos pilares de sustentação da sua popularidade. A se agravar a falta de perspectiva e a diminuição do poder aquisitivo dessas famílias, pode-se prever uma crescente erosão no apoio ao governo Lula.
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