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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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GESTO NECESSÁRIO

O virtual impasse nas negociações de paz entre israelenses e palestinos não surpreende. Para que o processo possa avançar, é necessário que se proceda a uma mudança de paradigmas. Enquanto Israel insistir em não negociar na vigência de ações terroristas, tudo deverá permanecer como está. É preciso que haja um salto qualitativo: o início de uma retirada consistente de colonos e tropas israelenses dos territórios palestinos.
É claro que Israel tem o direito de defender-se dos grupos que juraram eliminar o Estado judeu. Também é evidente que o direito de autodefesa inclui ações militares contra extremistas. A questão é que a repressão israelense e os chamados "assassinatos seletivos" de lideranças do Hamas não foram nem serão capazes de proporcionar segurança a Israel.
A ocupação dos territórios apenas alimenta ressentimentos. Para cada líder do Hamas assassinado, surgem três candidatos a substituí-lo. Goste Sharon ou não, o período mais seguro para os israelenses na última década foi o que se seguiu aos acordos de Oslo, quando a Autoridade Nacional Palestina (ANP) passou ela própria a reprimir seus radicais. E Iasser Arafat era capaz de fazê-lo porque havia esperança entre os seus. Havia a perspectiva de criação de um Estado palestino e, consequentemente, de prosperidade para todos na região.
Por razões que não cabe aqui enumerar, a esperança morreu, e Arafat não foi capaz ou não quis seguir controlando os extremistas. Se Israel quiser que a ANP volte a reprimir os radicais -o que parece ser a única alternativa racional-, será preciso reforçar o poder do premiê palestino, Abu Mazen, permitindo que os palestinos voltem a ter esperança.
Assim, em vez de responder a cada ataque terrorista, Israel deveria desde já retirar unilateralmente as tropas e os assentamentos dos territórios ocupados. Só quando os palestinos perceberem que as negociações poderão, sim, levar a uma paz justa, o apoio popular aos radicais tenderá a arrefecer e o terrorismo deixará de parecer uma alternativa viável.


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