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GESTO NECESSÁRIO
O virtual impasse nas negociações de paz entre israelenses e palestinos não surpreende. Para
que o processo possa avançar, é necessário que se proceda a uma mudança de paradigmas. Enquanto Israel insistir em não negociar na vigência de ações terroristas, tudo deverá permanecer como está. É preciso que haja um salto qualitativo: o
início de uma retirada consistente de
colonos e tropas israelenses dos territórios palestinos.
É claro que Israel tem o direito de
defender-se dos grupos que juraram
eliminar o Estado judeu. Também é
evidente que o direito de autodefesa
inclui ações militares contra extremistas. A questão é que a repressão
israelense e os chamados "assassinatos seletivos" de lideranças do Hamas não foram nem serão capazes
de proporcionar segurança a Israel.
A ocupação dos territórios apenas
alimenta ressentimentos. Para cada
líder do Hamas assassinado, surgem
três candidatos a substituí-lo. Goste
Sharon ou não, o período mais seguro para os israelenses na última década foi o que se seguiu aos acordos de
Oslo, quando a Autoridade Nacional
Palestina (ANP) passou ela própria a
reprimir seus radicais. E Iasser Arafat
era capaz de fazê-lo porque havia esperança entre os seus. Havia a perspectiva de criação de um Estado palestino e, consequentemente, de
prosperidade para todos na região.
Por razões que não cabe aqui enumerar, a esperança morreu, e Arafat
não foi capaz ou não quis seguir controlando os extremistas. Se Israel
quiser que a ANP volte a reprimir os
radicais -o que parece ser a única
alternativa racional-, será preciso
reforçar o poder do premiê palestino, Abu Mazen, permitindo que os
palestinos voltem a ter esperança.
Assim, em vez de responder a cada
ataque terrorista, Israel deveria desde
já retirar unilateralmente as tropas e
os assentamentos dos territórios
ocupados. Só quando os palestinos
perceberem que as negociações poderão, sim, levar a uma paz justa, o
apoio popular aos radicais tenderá a
arrefecer e o terrorismo deixará de
parecer uma alternativa viável.
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