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VALDO CRUZ
Lula e a CUT
BRASÍLIA - Ficou mais claro por que Luiz Inácio Lula da Silva trabalhou
para eleger seu amigo Luiz Marinho
presidente da CUT (Central Única
dos Trabalhadores). É um líder metalúrgico muito mais ligado aos trabalhadores do setor privado.
Basta observar o que aconteceu nos
últimos dias na capital do país para
compreender por que o governo operou para que a CUT não ficasse nas
mãos de um presidente ligado aos
servidores públicos, como João Felício, antecessor de Marinho.
No ato contra a reforma da Previdência, na semana passada, por
exemplo, Marinho foi hostilizado pelos manifestantes. Depois, praticamente bateu boca com José Domingues, líder dos servidores públicos, sobre a convocação de uma greve.
No sábado, na assembléia em que
os servidores decidiram marcar uma
paralisação para o dia 8 de julho, a
representante da central Denise Motta foi vaiada quando tentou expor
sua posição sobre a greve.
Ontem, a CUT e três entidades se
recusaram a assinar um ofício que
pede a retirada da reforma previdenciária do Congresso. Outras oito entidades, mais alinhadas com a ala radical do PT, assinaram o documento.
O que se vê hoje é uma CUT numa
posição mais colaboradora com o governo. Prefere negociar a deflagrar
uma paralisação já. Só que boa parte
dos sindicatos do funcionalismo público não quer seguir a central -deseja partir para o confronto.
Para eles, por sinal, é bem mais fácil
convocar uma greve. Afinal, demitir
um servidor público é um processo
muito complicado. Se a CUT estivesse
sob o comando dos servidores, a dor
de cabeça de Lula seria muito maior.
No setor privado, a conversa é outra. O que se discute é o que fazer para que não ocorra uma onda de demissões. Sem falar que a reforma da
Previdência pode beneficiar, a médio
prazo, trabalhadores dessa área.
Em resumo, a operação do governo
no setor sindical pode levar a um
afastamento dos servidores públicos
da CUT. O risco: em vez de se enfraquecer, o funcionalismo público pode
se rearticular, depois de ter sido atropelado nos tempos de FHC.
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