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São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2003

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VALDO CRUZ

Lula e a CUT

BRASÍLIA - Ficou mais claro por que Luiz Inácio Lula da Silva trabalhou para eleger seu amigo Luiz Marinho presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores). É um líder metalúrgico muito mais ligado aos trabalhadores do setor privado.
Basta observar o que aconteceu nos últimos dias na capital do país para compreender por que o governo operou para que a CUT não ficasse nas mãos de um presidente ligado aos servidores públicos, como João Felício, antecessor de Marinho.
No ato contra a reforma da Previdência, na semana passada, por exemplo, Marinho foi hostilizado pelos manifestantes. Depois, praticamente bateu boca com José Domingues, líder dos servidores públicos, sobre a convocação de uma greve.
No sábado, na assembléia em que os servidores decidiram marcar uma paralisação para o dia 8 de julho, a representante da central Denise Motta foi vaiada quando tentou expor sua posição sobre a greve.
Ontem, a CUT e três entidades se recusaram a assinar um ofício que pede a retirada da reforma previdenciária do Congresso. Outras oito entidades, mais alinhadas com a ala radical do PT, assinaram o documento.
O que se vê hoje é uma CUT numa posição mais colaboradora com o governo. Prefere negociar a deflagrar uma paralisação já. Só que boa parte dos sindicatos do funcionalismo público não quer seguir a central -deseja partir para o confronto.
Para eles, por sinal, é bem mais fácil convocar uma greve. Afinal, demitir um servidor público é um processo muito complicado. Se a CUT estivesse sob o comando dos servidores, a dor de cabeça de Lula seria muito maior.
No setor privado, a conversa é outra. O que se discute é o que fazer para que não ocorra uma onda de demissões. Sem falar que a reforma da Previdência pode beneficiar, a médio prazo, trabalhadores dessa área.
Em resumo, a operação do governo no setor sindical pode levar a um afastamento dos servidores públicos da CUT. O risco: em vez de se enfraquecer, o funcionalismo público pode se rearticular, depois de ter sido atropelado nos tempos de FHC.


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