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São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2003

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CRESCER OU PERDER

Perante 14 governantes, entre eles o alemão Gerhard Schröder, o britânico Tony Blair e o argentino Néstor Kirchner, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi bastante claro e pragmático ao apontar a importância de que os partidos de centro-esquerda, membros do grupo da Governança Progressista, voltem suas atenções para a questão do crescimento econômico.
O grande desafio, disse Lula, é descobrir o caminho para retomar o desenvolvimento. E concluiu, fazendo alusão às futuras eleições: "Se não tivermos esse caminho, a direita ganha". Ao prestar a declaração, o presidente manifestou preocupação com o fato de que as conversas no encontro enfocaram preferencialmente temas relativos a ajustes econômicos, deixando de lado propostas para o crescimento.
A situação exposta por Lula aplica-se perfeitamente ao Brasil. O novo governo, desde a posse, tem tratado quase exclusivamente de ajustes -e muito pouco de expansão da atividade produtiva. Certamente, ajustes eram urgentes no cenário de início de gestão, quando se verificava forte aceleração da inflação e da cotação do dólar. Novos indicadores, porém, divulgados pela Fiesp e pelo IBGE, confirmam que já é mais do que hora de as autoridades econômicas colocarem a retomada do desenvolvimento no topo de suas agendas.
A indústria paulista fechou 4.564 postos de trabalho no mês passado. O emprego no setor atingiu seu pior nível num mês de junho desde 1995. Na média nacional, a atividade industrial teve queda de 0,3% em maio -situação que seria ainda mais grave não fossem as exportações.
Se o risco da inflação, como reforçam os índices e como disse o presidente, está, no momento, afastado, não há por que não estimular o desenvolvimento. Não se trata apenas de reduzir acentuadamente os juros -o que é indispensável-, mas também de acelerar a implantação de políticas que incentivem o emprego e estimulem melhorias qualitativas tanto nas exportações como na competitividade das empresas.


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