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CRESCER OU PERDER
Perante 14 governantes, entre
eles o alemão Gerhard Schröder, o britânico Tony Blair e o argentino Néstor Kirchner, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva foi bastante
claro e pragmático ao apontar a importância de que os partidos de centro-esquerda, membros do grupo da
Governança Progressista, voltem
suas atenções para a questão do crescimento econômico.
O grande desafio, disse Lula, é descobrir o caminho para retomar o desenvolvimento. E concluiu, fazendo
alusão às futuras eleições: "Se não tivermos esse caminho, a direita ganha". Ao prestar a declaração, o presidente manifestou preocupação
com o fato de que as conversas no
encontro enfocaram preferencialmente temas relativos a ajustes econômicos, deixando de lado propostas para o crescimento.
A situação exposta por Lula aplica-se perfeitamente ao Brasil. O novo
governo, desde a posse, tem tratado
quase exclusivamente de ajustes -e
muito pouco de expansão da atividade produtiva. Certamente, ajustes
eram urgentes no cenário de início
de gestão, quando se verificava forte
aceleração da inflação e da cotação
do dólar. Novos indicadores, porém,
divulgados pela Fiesp e pelo IBGE,
confirmam que já é mais do que hora
de as autoridades econômicas colocarem a retomada do desenvolvimento no topo de suas agendas.
A indústria paulista fechou 4.564
postos de trabalho no mês passado.
O emprego no setor atingiu seu pior
nível num mês de junho desde 1995.
Na média nacional, a atividade industrial teve queda de 0,3% em maio
-situação que seria ainda mais grave não fossem as exportações.
Se o risco da inflação, como reforçam os índices e como disse o presidente, está, no momento, afastado,
não há por que não estimular o desenvolvimento. Não se trata apenas
de reduzir acentuadamente os juros
-o que é indispensável-, mas também de acelerar a implantação de políticas que incentivem o emprego e
estimulem melhorias qualitativas
tanto nas exportações como na competitividade das empresas.
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