São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 2006

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ELVIRA LOBATO

É possível piorar

RIO DE JANEIRO - Ainda não chegou ao limite a capacidade dos presos de aterrorizar a população a partir dos presídios. A experiência de dois países vizinhos, Bolívia e Equador, mostra que a situação para os que estão do lado de fora pode piorar. Em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, há um presídio chamado Palmasola, considerado pela imprensa local como o mais inseguro do país, de onde os presos comandam roubos de carros para exigir resgate dos proprietários.
A prática foi copiada por presos do Equador, segundo relatou à Folha o presidente do Conselho Nacional de Telecomunicações daquele país, Carlos Solines Moreno. Assim que o carro é roubado, o proprietário recebe uma ligação de um presidiário em seu celular, que o orienta a ir ao presídio com dinheiro vivo, se quiser reaver o carro.
Já convivemos no Brasil com os falsos seqüestros, manipulados por presos para extorquir dinheiro da população, em que as vítimas são também ameaçadas por telefone e forçadas a retirar dinheiro do banco. A novidade na prática dos países vizinhos é a exigência de que o assaltado vá ao presídio pagar o resgate. Na tentativa de pôr fim ao golpe, o governo boliviano instalou bloqueadores de telefones celulares na prisão de Santa Cruz de la Sierra, em 2003, mas o resultado foi pífio.
A exemplo do que aconteceu nos presídios paulistas, os bloqueadores da Bolívia ficaram obsoletos à medida em que as companhias telefônicas passaram a ocupar novas faixas de freqüência no serviço celular e não houve atualização tecnológica dos equipamentos.
A prisão de Palmasola ganhou notoriedade em 1998, quando presos foram crucificados por outros presidiários rebelados, como forma de forçar as autoridades a atender às reivindicações. Muito semelhante com a degola de presos durante as rebeliões no Brasil.


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