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ELVIRA LOBATO
É possível piorar
RIO DE JANEIRO - Ainda não
chegou ao limite a capacidade dos
presos de aterrorizar a população a
partir dos presídios. A experiência
de dois países vizinhos, Bolívia e
Equador, mostra que a situação para os que estão do lado de fora pode
piorar. Em Santa Cruz de la Sierra,
na Bolívia, há um presídio chamado
Palmasola, considerado pela imprensa local como o mais inseguro
do país, de onde os presos comandam roubos de carros para exigir
resgate dos proprietários.
A prática foi copiada por presos
do Equador, segundo relatou à Folha o presidente do Conselho Nacional de Telecomunicações daquele país, Carlos Solines Moreno. Assim que o carro é roubado, o proprietário recebe uma ligação de um
presidiário em seu celular, que o
orienta a ir ao presídio com dinheiro vivo, se quiser reaver o carro.
Já convivemos no Brasil com os
falsos seqüestros, manipulados por
presos para extorquir dinheiro da
população, em que as vítimas são
também ameaçadas por telefone e
forçadas a retirar dinheiro do banco. A novidade na prática dos países
vizinhos é a exigência de que o assaltado vá ao presídio pagar o resgate. Na tentativa de pôr fim ao golpe,
o governo boliviano instalou bloqueadores de telefones celulares na
prisão de Santa Cruz de la Sierra,
em 2003, mas o resultado foi pífio.
A exemplo do que aconteceu nos
presídios paulistas, os bloqueadores da Bolívia ficaram obsoletos à
medida em que as companhias telefônicas passaram a ocupar novas
faixas de freqüência no serviço celular e não houve atualização tecnológica dos equipamentos.
A prisão de Palmasola ganhou
notoriedade em 1998, quando presos foram crucificados por outros
presidiários rebelados, como forma
de forçar as autoridades a atender
às reivindicações. Muito semelhante com a degola de presos durante
as rebeliões no Brasil.
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