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VITÓRIA DE CHÁVEZ
O presidente da Venezuela,
Hugo Chávez, saiu vitorioso
do plebiscito que poderia ter abreviado seu mandato. Com cerca de 58%
dos votos, o líder populista se reafirma como representante legítimo dos
venezuelanos e deve ficar no poder
até janeiro de 2007.
A oposição, como era de esperar,
fala em "fraudes maciças". A denúncia, contudo, não é corroborada pelos observadores internacionais que
supervisionaram o processo plebiscitário. O Centro Carter e a OEA (Organização dos Estados Americanos)
chancelaram os resultados oficiais.
Disseram que os dados apresentados
pelo Conselho Nacional Eleitoral são
consistentes com suas projeções.
Se os adversários de Chávez de fato
têm informações relativas a vícios
eleitorais, devem apresentar provas.
Se não as tiverem, precisam aceitar
pacificamente o resultado das urnas
e passar a fazer oposição dentro dos
espaços institucionais previstos, em
especial o Parlamento. Nem a Venezuela nem o continente devem aceitar rupturas antidemocráticas.
Quanto a Chávez, o fato de ter vencido o pleito e confirmado sua legitimidade não basta para torná-lo um
autocrata nem para imunizá-lo contra críticas. Longe disso, o resultado
mostra que o país está dividido, que
pouco mais de 40% dos venezuelanos querem vê-lo na rua. E um presidente não pode ser presidente para
apenas metade do país.
Chávez precisa desenvolver a capacidade de aprender com seus erros.
Deve, antes de mais nada, reconhecer que a rota de confronto em que
ajudou a colocar o país foi prejudicial
para todos. Agora que venceu e renovou sua liderança, deve atuar com
magnanimidade, ouvindo as reivindicações dos adversários e procurando dar-lhes um encaminhamento
adequado. A Venezuela precisa redescobrir a política como espaço de
resolução negociada dos conflitos.
Só isso poderá livrar o país do espectro de uma guerra civil.
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