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Editoriais
Morosidade na saúde
UM SURTO de mutismo e
morosidade parece acometer setores da saúde
pública. Esperava-se que o anúncio pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no
último dia 8, de que vivemos uma
"emergência epidemiológica
inédita no Brasil e no exterior"
fosse conseqüência da observação diligente das autoridades ou
o prenúncio de ações imediatas.
Nem um, nem outro.
A epidemia é uma infecção
causada por micobactérias -organismos presentes em equipamentos cirúrgicos, aparentados
aos que causam tuberculose.
Desde 2001, já houve 2.025 casos
em 14 Estados, a maioria após videocirurgias e em hospitais privados. Neste ano, foram pelo menos 76 novos casos.
Na última terça, o ministro da
Saúde, José Gomes Temporão,
minimizou o problema. Classificou as infecções como "muito específicas, num contexto de milhões de cirurgias que o Brasil
realiza no momento".
Os fatos, no entanto, não têm
caminhado exatamente de acordo com as palavras do ministro.
Na quinta, a Anvisa subiu o tom e
tornou compulsória a notificação de casos da infecção, o que
obriga os hospitais a informar o
surgimento de novas incidências, como ocorre, por exemplo,
com a febre amarela e a dengue.
Segundo a Anvisa, a disseminação da moléstia está associada
a "falhas nos processos de limpeza, desinfecção e esterilização de
produtos médicos". Há pelo menos um ano, porém, a agência
tem informações de que um dos
produtos mais usados na desinfecção de equipamentos hospitalares não tem sido eficaz.
No episódio das micobactérias,
as atitudes e os esclarecimentos
oficiais quase sempre vieram a
reboque dos fatos. Que sirva de
lição para aprimorar a vigilância
epidemiológica, a fim de que ela
possa disparar alarmes preventivos e propiciar orientações claras e tempestivas à população e
aos profissionais da saúde.
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