São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

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Editoriais

Morosidade na saúde

UM SURTO de mutismo e morosidade parece acometer setores da saúde pública. Esperava-se que o anúncio pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no último dia 8, de que vivemos uma "emergência epidemiológica inédita no Brasil e no exterior" fosse conseqüência da observação diligente das autoridades ou o prenúncio de ações imediatas. Nem um, nem outro.
A epidemia é uma infecção causada por micobactérias -organismos presentes em equipamentos cirúrgicos, aparentados aos que causam tuberculose. Desde 2001, já houve 2.025 casos em 14 Estados, a maioria após videocirurgias e em hospitais privados. Neste ano, foram pelo menos 76 novos casos.
Na última terça, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, minimizou o problema. Classificou as infecções como "muito específicas, num contexto de milhões de cirurgias que o Brasil realiza no momento".
Os fatos, no entanto, não têm caminhado exatamente de acordo com as palavras do ministro. Na quinta, a Anvisa subiu o tom e tornou compulsória a notificação de casos da infecção, o que obriga os hospitais a informar o surgimento de novas incidências, como ocorre, por exemplo, com a febre amarela e a dengue.
Segundo a Anvisa, a disseminação da moléstia está associada a "falhas nos processos de limpeza, desinfecção e esterilização de produtos médicos". Há pelo menos um ano, porém, a agência tem informações de que um dos produtos mais usados na desinfecção de equipamentos hospitalares não tem sido eficaz.
No episódio das micobactérias, as atitudes e os esclarecimentos oficiais quase sempre vieram a reboque dos fatos. Que sirva de lição para aprimorar a vigilância epidemiológica, a fim de que ela possa disparar alarmes preventivos e propiciar orientações claras e tempestivas à população e aos profissionais da saúde.


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