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PAINEL DO LEITOR
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Gripe
"Quando li a notícia da solicitação de lotes do medicamento Tamiflu pelos parlamentares ("Congresso quer lote exclusivo de Tamiflu",
Cotidiano, 13/8), lembrei-me de
algumas cenas do filme "Titanic".
Qual foi o critério do comandante
na escolha dos passageiros que deveriam deixar o transatlântico? O
comandante baseou-se no poder
socioeconômico de alguns ou seguiu normas internacionais, tais como: crianças, mulheres grávidas,
idosos, portadores de necessidades
especiais?
A resposta todos sabem: os da primeira classe foram privilegiados.
Entretanto, uma regra foi respeitada: o comandante e a pequena orquestra permaneceram no navio
até serem tragados pelo mar gelado.
Na ficção ainda restou um quê de
dignidade, ética e coerência. E na
vida real?"
PLÍNIO JOSÉ DO AMARAL (Campinas, SP)
"Até que enfim! Fiquei extremamente feliz com a determinação da
Anvisa proibindo a propaganda de
antigripais. Luto diariamente tentando explicar aos pacientes os riscos da automedicação, mas essa é
uma luta desigual, pois minha voz é
fraca diante da propaganda maciça
em rádio, TV, revistas que a todo
momento iludem a população prometendo curas instantâneas e estimulando o consumo indiscriminado de medicações que só dificultam
e retardam os diagnósticos."
LAURA C. PROA (São Paulo, SP)
Senado
"Frei Betto ("Catilina abusa de
nossa paciência", "Tendências/Debates", ontem) lavou minha alma de
funcionária pública da educação do
Estado de São Paulo, que, assim como milhares de outras colegas, tento ensinar o que é ser correto, digno
e ter "conhecimento" para enfrentar
a vida de adultos e pais de família
que nossos alunos serão no futuro.
Como levar essa tarefa adiante se
temos como exemplo um Senado
com as mesmas características de
corrupção, conchavos, apadrinhamentos e outros crimes de 63 a.C.?"
LAIR CANOVA MOTTA (São Carlos, SP)
Educação
"O livro "A Vantagem Acadêmica
de Cuba", cujo autor, Martin Carnoy, deu entrevista à Folha ("Entrevista de 2ª", 10/8), é um estudo minucioso da qualidade do ensino
fundamental no Brasil, no Chile e
em Cuba. Aponta os motivos pelos
quais a educação cubana é muito
superior à dos outros dois países. É
leitura indispensável a professores
e autoridades brasileiras."
MAURÍCIO DEL GIUDICE (Rio de Janeiro, RJ)
Igreja
"Concordo com o sr. Claudio Geribello ("Painel do Leitor", ontem),
em parte, tendo em vista que uma
das TVs em guerra pertence à Igreja
Universal do Reino de Deus. Provavelmente foi adquirida com o dinheiro dos fiéis da Iurd, logo deveria se voltar à pregação do Evangelho, que é a missão deixada por Jesus à sua igreja. Além disso, se a
Iurd fosse transparente, como são a
maioria das igrejas evangélicas, sobre como e onde aplica o dinheiro
voluntariamente entregue como dízimos e ofertas, toda essa confusão
com certeza não existiria."
ISMAIL MIGUEL BATISTA (Ribeirão Preto, SP)
Estado laico
"Ao ler os artigos de "Tendências/Debates" deste sábado, percebi
que ambos os autores se confundem no que concerne à laicidade e
ao ateísmo do Estado Brasileiro.
Realmente a Constituição Federal de 1988 consagrou o Brasil como
um Estado "laico" ou "leigo", ou seja,
sem uma religião oficial (artigos 5º,
VI e VIII, e 19, I).
No entanto, a mesma Constituição, em seu preâmbulo, estabeleceu
que o Estado Brasileiro é teísta, o
que significa a crença em Deus:
"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte (...), promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República
Federativa do Brasil".
Portanto, apesar de o Brasil ser
um Estado laico, ele não pode ser
considerado um Estado ateu.
Assim, com a ratificação do acordo assinado entre o governo brasileiro e o Vaticano, o Congresso estará, somente, ratificando a própria
Constituição Federal."
CARLOS EDUARDO FERREIRA PINTO (Belo Horizonte, MG)
Cracolândia
"Lendo a reportagem "Prédio de
classe média vive cercado pelo
crack", pensei que a legislação deveria voltar a ser como 20 anos atrás:
os viciados têm que ser punidos
com prisão! Eles causam constrangimento às pessoas e invadem, sem
qualquer freio, espaços essenciais à
convivência civilizada."
BRAZ FERRAZ CARLOMANHO (Piracicaba, SP)
Teatro de dança
"É espantoso que a classe de profissionais à qual pertenço (arquitetos) esteja calada. Produziu e produz a cidade mais horrível do mundo, onde se constrói sempre pensando no próprio umbigo, ou no
bolso, jamais na cidade; segue com
prazer um Plano Diretor nefasto,
gerador de aberrações urbanas;
produz, junto com engenheiros,
construtoras, incorporadoras e poder público, bairros escabrosos e inviáveis.
Paradoxalmente, essa mesma
classe não registrou na grande imprensa nenhum protesto em relação ao projeto do teatro de dança [a
sede da São Paulo Companhia de
Dança], em São Paulo, que foi dado
de bandeja a um escritório de arquitetura suíço, sem aventar a hipótese
de um concurso internacional. Um
concurso internacional teria dado
espaço aos vaidosos e gananciosos,
mas também aos poucos arquitetos
idealistas existentes, que possuem
notória especialização e anseiam
pela oportunidade de participar da
construção de uma melhor condição de nossa cidade."
ANA BARBOSA (São Paulo, SP)
Marina Silva
"Tenho lido várias manifestações
de entusiasmo pela possível candidatura de Marina Silva à Presidência do Brasil. A mim não entusiasma, pois parece-me mais uma jogada de Lula. Caso a companheira Dilma não "decole" nas pesquisas, vamos de companheira Marina, que,
se eleita, será facilmente manipulada por ele, Dirceu, Sarney, Renan,
Collor etc. Creio que, se a senadora
tivesse um pensamento diferente
do que vemos hoje no governo petista, já teria deixado o partido."
FERNANDO ALMEIDA INTASCHI (São Paulo, SP)
Fidelidade partidária
"Em sua coluna "O DNA da apatia"
(Opinião, 15/8), Fernando Rodrigues consegue transformar minha
defesa de fidelidade partidária decidida pelo STF em pedido de cassação. Ninguém propôs cassar o
mandato da senadora Marina Silva.
Em meu blog, lembrei que a eleição
de Marina, em 2002, foi uma dura
batalha em defesa do meio ambiente e da floresta, uma luta do PT e de
seus aliados.
Além disso, a fidelidade partidária consta do estatuto de fundação
do PT. Vale lembrar que todos os
partidos foram à Justiça exigir o
cumprimento da decisão do Supremo e que jornais chegaram a fazer
campanha contra os chamados infiéis. Assim, a insinuação de que vamos "perseguir" Marina só se explica pela total falta de compromisso
com os fatos. Conheço Marina Silva
e fui seu colega de ministério por
30 meses. Sei que ela fará o que deve ser feito com dignidade e que, ao
deixar o PT, não está abandonando
nossa luta nem nossos ideais."
JOSÉ DIRCEU , ex-ministro da Casa Civil (São Paulo, SP)
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