São Paulo, Terça-feira, 17 de Agosto de 1999
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Falsos profetas

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Além da perversidade da política neoliberal e globalizada, o governo encampou uma dose de cinismo exagerada, um tipo de gozação macabra contra a sociedade, em especial contra as classes mais excluídas.
No último domingo, tanto o ministro da Fazenda como o presidente do Banco Central arengaram às massas por intermédio de seus porta-vozes da mídia.
O primeiro jurou que nunca passou um dia sem se preocupar com os pobres, com a justiça social. O segundo garantiu um crescimento de 5% na economia nacional a partir do ano 2.000 e qualquer coisa.
Tanto Malan como Fraga são os dois funcionários mais comprometidos com o FMI que traçou as normas que estão levando ao impasse social, político e econômico que atravessamos.
Apertados pela impopularidade de FHC, pela agressividade de ACM que levantou o problema da pobreza -assunto que nunca deixou de ser problema-, pressionados sobretudo pelo real que não pára de cair e pelo custo de vida que começa a subir, os dois corifeus da equipe econômica juram que são pelo social desde criancinhas.
Não conheço nada da biografia deles para saber se é verdade. Adoto o critério bíblico que ainda não foi reformulado: pelos frutos o conhecereis. Parece que a frase se refere aos falsos profetas, ou ao anticristo, vou ligar para o Roberto Campos pedindo esclarecimentos, ele entende de escrituras sacras e profanas.
Não sei se temos o anticristo entre nós. Dizem que ele terá um dente encravado no céu da boca -e honestamente, minha curiosidade não chega ao ponto de pesquisar esse detalhe. Mas que os dois têm tudo dos falsos profetas, têm. Um mais honesto, com as barbas tradicionais dos profetas. O outro mais light, sem barbas mesmo.


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