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Falsos profetas
CARLOS HEITOR CONY
Rio de Janeiro - Além da perversidade da política neoliberal e globalizada,
o governo encampou uma dose de cinismo exagerada, um tipo de gozação
macabra contra a sociedade, em especial contra as classes mais excluídas.
No último domingo, tanto o ministro da Fazenda como o presidente do
Banco Central arengaram às massas
por intermédio de seus porta-vozes da
mídia.
O primeiro jurou que nunca passou
um dia sem se preocupar com os pobres, com a justiça social. O segundo
garantiu um crescimento de 5% na
economia nacional a partir do ano
2.000 e qualquer coisa.
Tanto Malan como Fraga são os dois
funcionários mais comprometidos
com o FMI que traçou as normas que
estão levando ao impasse social, político e econômico que atravessamos.
Apertados pela impopularidade de
FHC, pela agressividade de ACM que
levantou o problema da pobreza -assunto que nunca deixou de ser problema-, pressionados sobretudo pelo
real que não pára de cair e pelo custo
de vida que começa a subir, os dois corifeus da equipe econômica juram que
são pelo social desde criancinhas.
Não conheço nada da biografia deles para saber se é verdade. Adoto o
critério bíblico que ainda não foi reformulado: pelos frutos o conhecereis.
Parece que a frase se refere aos falsos
profetas, ou ao anticristo, vou ligar para o Roberto Campos pedindo esclarecimentos, ele entende de escrituras sacras e profanas.
Não sei se temos o anticristo entre
nós. Dizem que ele terá um dente encravado no céu da boca -e honestamente, minha curiosidade não chega
ao ponto de pesquisar esse detalhe.
Mas que os dois têm tudo dos falsos
profetas, têm. Um mais honesto, com
as barbas tradicionais dos profetas. O
outro mais light, sem barbas mesmo.
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