São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2008

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Mais energia e eficiência

EDISON LOBÃO , titular do Ministério de Minas e Energia, surpreendeu há poucos dias até os mais entusiasmados defensores da geração de energia elétrica de fonte termonuclear. Em visita à Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis (RJ), o ministro afirmou que o governo federal prevê instalar 50 usinas nucleares em 50 anos. Isso depois de concluir Angra 3, em 2014, e de construir outras quatro já previstas no Plano Nacional de Energia 2030.
Tendo em vista que foram necessárias três décadas para pôr em operação as duas usinas de Angra, seria um desempenho e tanto. Lobão parece seguro de que a opção do governo Lula pela energia nuclear será mantida e até aprofundada pelas próximas administrações.
No órgão de planejamento de seu próprio ministério, contudo, o cenário é outro. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que coordenou o PNE 2030, projeta um potencial máximo de 25 unidades termonucleares no país.
Mesmo esse contingente soa otimista demais. A expansão das usinas nucleares é necessária e desejável, mas é preciso ressaltar que essa fonte continuará a ter peso minoritário na matriz energética do país. Isso porque o potencial hidrelétrico, por exemplo, está longe de ser esgotado.
A alternativa mais óbvia, em curto prazo, é promover a eficiência energética. Estima-se na EPE um potencial de 10% a 20% de redução no consumo com medidas de conservação de energia, da utilização de equipamentos mais eficientes na indústria à substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes.
Pouco se ouve falar desse tipo de providência. O país já conta há décadas com programas isolados de conservação, como o Procel (etiquetagem indicadora de baixo consumo por aparelhos). Falta, contudo, uma ação ambiciosa e abrangente.
Encontra-se em gestação no Ministério de Minas e Energia, desde 2004, um Plano Nacional de Eficiência Energética. Deveria ser finalizado em dezembro próximo. Seria bom ouvir o ministro falar sobre isso com igual entusiasmo.


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