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ELIANE CANTANHÊDE
Geração espontânea?
BRASÍLIA - E não é que a Casa Civil
caiu mesmo? A ministra Erenice
Guerra foi convidada gentilmente a
pedir demissão, e só falta o presidente Lula explicar se foi:
a) para fazer um gesto de caridade com a oposição, coitada, que vai
perder feio em 3 de outubro;
b) porque sucumbiu a um complô maligno da imprensa com a elite branca contra a ministra;
c) diante da evidência de que
Erenice, os filhos e os irmãos estavam botando a mão na cumbuca;
d) e/ou para todo mundo esquecer rapidinho que Erenice era unha
e carne com Dilma Rousseff.
Com Erenice aboletada na Casa
Civil, a poucos metros do gabinete
presidencial, evidentemente o noticiário seria pautado pelo escândalo
durante toda a reta final da campanha. Com Erenice de volta à sua insignificância de "ex-assessora",
Lula certamente conta que o caso
vá saindo da manchete e perdendo
espaço, até se restringir a um pé de
página e cair na vala comum do esquecimento, como tantos outros.
Só que Erenice Guerra não chegou ao cargo mais importante do
governo porque quis ou por geração espontânea, mas, sim, porque
foi indicada pela chefe Dilma, com
quem trabalhou lado a lado. Como
Dilma é franca favorita para vencer
a eleição no primeiro turno, precisa
explicar com que informações, com
que critérios e de que forma escolhe
e nomeia suas pessoas de confiança. Ou é demais pedir isso da virtual
presidenta da República?
O PT sempre foi craque ao devassar a vida alheia, providenciar dossiês e contas bancárias para CPIs e
até, se necessário, transformar cem
em mil, ou mil em um milhão para
potencializar o estrago no adversário. Então, como é que o governo
nomeia uma pessoa toda enrolada
para o ministério mais importante
sem saber quem é?
O partido era muito bom para investigar os outros, mas perdeu o pique e não quer ouvir falar de investigação para si mesmo. Nem para o
aliado PMDB, evidentemente.
elianec@uol.com.br
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