São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2010

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RUY CASTRO

Dia da vitória

RIO DE JANEIRO - Há 300 anos, em 1710, por esses dias de setembro, o Rio estava sob invasão francesa. De navios fundeados em Barra de Guaratiba desembarcaram cerca de mil homens, comandados pelo capitão-de-fragata Jean-François Duclerc, e, guiados por escravos fugidos e na bronca com seus ex-senhores, começaram a caminhada em direção à cidade, pelas matas de Jacarepaguá e da Tijuca. Duclerc preferiu assim, porque achou que não passaria pelas fortalezas na entrada da baía.
Um gaiato diria que esta foi a única invasão pirata a pé na história dos sete mares -só que, no caso, não era pirataria. Era um ato de guerra. O ouro descoberto em Minas Gerais escoava pelo Rio rumo a Portugal e, de lá, em parte, para a Inglaterra. A França, inimiga dos ingleses, não estava gostando. Daí o ataque ao Rio.
A 19 de setembro, depois de marchar 60 km, os homens de Duclerc chegaram aos altos de Santa Teresa e desceram para a conquista. Mas foram encurralados na Lapa pelo povo do Rio, que os atacou das janelas com tudo que podia: armas de fogo, pedras, facas e tinas de água e óleo fervente. As baixas dos franceses já foram consideráveis.
Os invasores pegaram a atual rua do Riachuelo, escaparam pela da Ajuda e saíram no largo do Carmo, hoje praça 15, sendo combatidos pelos cariocas em cada etapa. Ao chegarem à rua Primeiro de Março, tentaram tomar o palácio (onde fica hoje o Centro Cultural Banco do Brasil) e foram recebidos a bala pelos alunos do Colégio dos Jesuítas. E só então o governador mandou a Cavalaria acabar com a festa.
Quatrocentos franceses mortos, 200 feridos e outros 400 presos. Nossas cores sofreram pouco. A vingança dos franceses, um ano depois, seria terrível. Mas neste domingo, aniversário da vitória, vou dar uma volta pelos cenários da batalha, no Centro do Rio, e sentir o aroma da história.


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