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RUY CASTRO
Dia da vitória
RIO DE JANEIRO - Há 300 anos, em
1710, por esses dias de setembro, o
Rio estava sob invasão francesa. De
navios fundeados em Barra de Guaratiba desembarcaram cerca de mil
homens, comandados pelo capitão-de-fragata Jean-François Duclerc, e, guiados por escravos fugidos e na bronca com seus ex-senhores, começaram a caminhada em
direção à cidade, pelas matas de Jacarepaguá e da Tijuca. Duclerc preferiu assim, porque achou que não
passaria pelas fortalezas na entrada da baía.
Um gaiato diria que esta foi a única invasão pirata a pé na história
dos sete mares -só que, no caso,
não era pirataria. Era um ato de
guerra. O ouro descoberto em Minas Gerais escoava pelo Rio rumo a
Portugal e, de lá, em parte, para a
Inglaterra. A França, inimiga dos
ingleses, não estava gostando. Daí
o ataque ao Rio.
A 19 de setembro, depois de marchar 60 km, os homens de Duclerc
chegaram aos altos de Santa Teresa
e desceram para a conquista. Mas
foram encurralados na Lapa pelo
povo do Rio, que os atacou das janelas com tudo que podia: armas
de fogo, pedras, facas e tinas de
água e óleo fervente. As baixas dos
franceses já foram consideráveis.
Os invasores pegaram a atual rua
do Riachuelo, escaparam pela da
Ajuda e saíram no largo do Carmo,
hoje praça 15, sendo combatidos
pelos cariocas em cada etapa. Ao
chegarem à rua Primeiro de Março,
tentaram tomar o palácio (onde fica
hoje o Centro Cultural Banco do
Brasil) e foram recebidos a bala pelos alunos do Colégio dos Jesuítas.
E só então o governador mandou a
Cavalaria acabar com a festa.
Quatrocentos franceses mortos,
200 feridos e outros 400 presos.
Nossas cores sofreram pouco. A
vingança dos franceses, um ano depois, seria terrível. Mas neste domingo, aniversário da vitória, vou
dar uma volta pelos cenários da batalha, no Centro do Rio, e sentir o
aroma da história.
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