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CENÁRIO OPORTUNO
O otimismo dos mercados em
relação ao Brasil e a países
emergentes, embora exija cautela,
abre perspectivas para algumas decisões econômicas relacionadas ao
câmbio, como a recomposição das
reservas internacionais. Esse ambiente deve ser analisado não apenas
à luz dos indicadores internos mas
da situação internacional favorável à
movimentação de capitais para economias em desenvolvimento.
No âmbito doméstico, a continuidade da lógica econômica do governo anterior, com ênfase na agenda
do mercado, parece ter reconquistado a confiança dos investidores financeiros. No plano externo, além
dos baixos juros nas principais economias, verificou-se uma queda da
aversão ao risco de parte dos investidores, ocasionando um aumento da
oferta de recursos para economias
emergentes. Esse movimento, que
segundo analistas poderá se estender
ao próximo ano, ganhou ares de "euforia" com a reclassificação da Rússia para o "investment grade" (baixíssimo risco) pela agência Moody's.
Nesse cenário, tem sido expressivo
o declínio do risco-país dos emergentes. Esse indicador mede a diferença entre a taxa de juros paga pelos
títulos da dívida externa de cada país
e os papéis de mesmo prazo dos
EUA. O risco do Brasil, que chegou a
superar 2.000 pontos em 2002, encontra-se atualmente abaixo dos 600.
De forma análoga, com o aumento
do fluxo de capitais, verificou-se uma
valorização do real e de moedas de
países em desenvolvimento.
Esse quadro, embora não melhore
automaticamente as condições da
economia real, apresenta, certamente, aspectos positivos, mostrando-se
propício para a recomposição das reservas e para a redução das dívidas
indexadas ao câmbio.
Descontados os recursos do Fundo
Monetário Internacional, as reservas
internacionais brasileiras estão em
torno de US$ 18 bilhões, menos de
um terço das acumuladas pela recém-premiada Rússia. Elevá-las é
um fator fundamental para reduzir a
vulnerabilidade externa e a cotação
de risco do Brasil, o que conferiria
maior solidez e autonomia ao país.
Seria lamentável se as autoridades
econômicas desperdiçassem essa
oportunidade.
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