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São Paulo, sexta-feira, 17 de outubro de 2003

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A ONU E O IRAQUE

Os EUA finalmente conseguiram que o Conselho de Segurança da ONU aprovasse uma nova resolução sobre o Iraque, pedindo aos países-membros da organização que contribuam com tropas e recursos financeiros. O impacto da medida, porém, provavelmente será mais simbólico que material. Parece grande a resistência da maioria dos países em ajudar os EUA nesse campo.
O resultado da votação, 15 a 0 pela aprovação, poderia levar a conclusões precipitadas. Apesar da unanimidade, França, Alemanha e Rússia, o núcleo que se opôs à guerra, seguem insatisfeitas com o texto da resolução, que fica muito aquém do que esses países desejavam. Não foi estabelecido, por exemplo, um cronograma para a transferência do poder aos iraquianos nem reforçado substancialmente o papel da ONU na transição. De todo modo, Paris, Berlim e Moscou parecem ter concluído que não valia a pena arcar com o ônus de vetar a resolução patrocinada pelos norte-americanos.
Em termos práticos, o aval da ONU dificilmente ajudará a aliviar a posição da coalizão anglo-americana. Até agora, o único país que se dispôs a enviar um número importante de soldados foi a Turquia, que ofereceu 10 mil homens para juntar-se aos 131 mil norte-americanos, 11 mil britânicos e pequenos contingentes de outros países. O problema é que tropas turcas não são bem-vindas no Iraque. Até o Conselho de Governo iraquiano, que é influenciado pelos EUA, rechaçou a presença dos turcos. O Iraque foi, durante séculos, parte do Império Otomano. Os iraquianos não desejam ver a velha potência colonial de volta ao país.
A questão financeira tampouco deverá avançar. A União Européia já disse que não contribuirá com mais que US$ 250 milhões neste ano. O Japão prometeu US$ 1,5 bilhão. São valores pouco significativos diante dos US$ 35,6 bilhões considerados necessários para reativar a economia iraquiana ao longo dos próximos quatro anos. Os gastos militares são ainda mais elevados: só os EUA despendem US$ 1 bilhão por semana para manter seus homens no Iraque.
A resolução representa sem dúvida uma vitória dos EUA, mas que tem as feições de uma vitória de Pirro.


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