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A ONU E O IRAQUE
Os EUA finalmente conseguiram que o Conselho de Segurança da ONU aprovasse uma nova
resolução sobre o Iraque, pedindo
aos países-membros da organização
que contribuam com tropas e recursos financeiros. O impacto da medida, porém, provavelmente será mais
simbólico que material. Parece grande a resistência da maioria dos países
em ajudar os EUA nesse campo.
O resultado da votação, 15 a 0 pela
aprovação, poderia levar a conclusões precipitadas. Apesar da unanimidade, França, Alemanha e Rússia,
o núcleo que se opôs à guerra, seguem insatisfeitas com o texto da resolução, que fica muito aquém do
que esses países desejavam. Não foi
estabelecido, por exemplo, um cronograma para a transferência do poder aos iraquianos nem reforçado
substancialmente o papel da ONU
na transição. De todo modo, Paris,
Berlim e Moscou parecem ter concluído que não valia a pena arcar com
o ônus de vetar a resolução patrocinada pelos norte-americanos.
Em termos práticos, o aval da ONU
dificilmente ajudará a aliviar a posição da coalizão anglo-americana.
Até agora, o único país que se dispôs
a enviar um número importante de
soldados foi a Turquia, que ofereceu
10 mil homens para juntar-se aos 131
mil norte-americanos, 11 mil britânicos e pequenos contingentes de outros países. O problema é que tropas
turcas não são bem-vindas no Iraque. Até o Conselho de Governo iraquiano, que é influenciado pelos
EUA, rechaçou a presença dos turcos. O Iraque foi, durante séculos,
parte do Império Otomano. Os iraquianos não desejam ver a velha potência colonial de volta ao país.
A questão financeira tampouco deverá avançar. A União Européia já
disse que não contribuirá com mais
que US$ 250 milhões neste ano. O Japão prometeu US$ 1,5 bilhão. São valores pouco significativos diante dos
US$ 35,6 bilhões considerados necessários para reativar a economia
iraquiana ao longo dos próximos
quatro anos. Os gastos militares são
ainda mais elevados: só os EUA despendem US$ 1 bilhão por semana
para manter seus homens no Iraque.
A resolução representa sem dúvida
uma vitória dos EUA, mas que tem as
feições de uma vitória de Pirro.
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