São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Ganhadores e perdedores
"Ao assistir ao debate na Bandeirantes entre os dois ilustres representantes da extinta esquerda festiva deste país e atuais representantes da direita mais retrógrada que já pude testemunhar, pude tirar de imediato algumas conclusões. 1) É verdade que Marta pagou R$ 70 milhões a mais nas obras da passagem sob a Faria Lima, mas pior do que isso é o fato de essa quantia ser superior ao teto de 25% para aditamento de obras -máximo estabelecido na lei de licitações. 2) É verdade que as receitas das privatizações realizadas no governo FHC evaporaram e apenas dilapidaram de forma irresponsável o patrimônio público. 3) É verdade que a verba para o gabinete da prefeita para o próximo ano será de R$ 21 milhões -ela não desmentiu. 4) Faltou a Marta lembrar do Cacciola e do Chico Lopes, e a Serra faltou lembrar dos contratos das empresas de limpeza da Marta, que possuíam endereços frios. Nada como a democracia, que, às vezes, nos prega algumas peças, pois os dois ganharam, e nós é que perdemos, pois teremos que optar entre essas duas candidaturas."
Nilton Nazar (São Paulo, SP)

Pena de morte
"A derrota do nosso sistema repressivo já nos causa vexame no âmbito internacional -basta lermos os jornais. O criminoso habitual não teme mais a cadeia. Pensa que não será preso e, se o for, fugirá da cadeia cedo ou tarde. Se for um "chefão", mesmo preso continuará decretando a morte ou o seqüestro de quem bem entender. Não há mais como não discutir e não consultar a população sobre a conveniência da pena de morte e da prisão perpétua no Brasil. Como só o medo inibe o crime organizado, é preciso reformar a Constituição. Argumentar com "cláusula pétrea" é manietar a sociedade, impedindo-a de se defender. Se 100% da população quisesse a pena de morte, seria preciso fazer uma "revolução", seguida de uma nova Constituição, só para modificar um item de um artigo? Revolução contra quem, se todos estariam de acordo? Instituída a pena de morte -com prioridade absoluta para o julgamento de recursos dos réus condenados-, muitas vidas de inocentes poderiam ser poupadas."
Francisco C. Pinheiro Rodrigues (São Paulo, SP)

Votações
"É revoltante e de dar náuseas ter de ler a reportagem "Câmara está há dois meses sem votações" (Brasil, pág. A10, 14/10), de Ranier Bragon e Fernanda Krakovics. Até quando teremos de aturar essa desfaçatez? Dois meses de recesso "normal", dois meses de recesso branco (devido às eleições), deputados que normalmente não trabalham às segundas e às sextas-feiras pois têm de estar nos locais de origem atendendo a interesses dos seus eleitores. Gostaria de saber a quem compete tomar uma providência para acabar de uma vez por todas com esse acinte. Sugiro que toda a mídia, a começar pela Folha, lidere uma campanha muito forte para moralizar a atividade do "nosso" Congresso, pois, em dezembro, muito provavelmente o nosso ingênuo e festivo presidente irá solicitar um esforço concentrado, de duvidosa produtividade, cujo custo deverá ser de, no mínimo, R$ 20 milhões."
Sabino Keisuke Seki (São Paulo, SP)

Bilhete único
"Achei muito injusta a abordagem pessimista sobre o bilhete único ("O bilhete único não dá prejuízo; mas, se der, é ruim?", Cotidiano, 13/10). Penso que a implantação desse sistema, bem como a do sistema de corredores de ônibus, foi uma excelente iniciativa do governo municipal -que teve como objetivo melhorar o sistema de transporte coletivo da cidade. Em vez de comentários acerca dos benefícios gerados, como a redução dos tempos de viagem, a redução dos gastos com transporte pela população, a redução do consumo de diesel, o aumento do número de usuários, comentou-se o que pode dar errado. A minha satisfação é saber que só é passível de crítica aquele que faz alguma coisa."
Luiza Gomide de Faria (São Paulo, SP)

Lei do Abate
"As declarações da alta hierarquia da Aeronáutica de que uma criança em aeronave suspeita "não será um salvo-conduto" ou de que a ameaça de abate serviria para inibir fazendeiros que não pagam taxas de aviação mostram bem os riscos de envolver militares em atividades de policiamento. As declarações são absurdas num Estado de Direito e por mostrar os mais comezinhos princípios de uso legal da força. Não se atira em inocentes nem se faz ameaça de disparo devido a razões administrativas. O ministro da Justiça deveria colocar ordem nesse absurdo antes que uma inútil tragédia aconteça."
José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo (São Paulo, SP)

Mal desnecessário
"Leitor assíduo da coluna de José Sarney, pela primeira vez concordo integralmente com suas posições ("Mal necessário", Opinião, 15/10). Realmente é inimaginável que possa existir um "mal necessário". Além dos dois primorosos exemplos descritos pelo imortal colunista, temos outro bem mais próximo de "Pindorama': o Brasil não precisava passar pelo seu desastroso governo para reconhecer que a hiperinflação era um terrível mal. Desta vez, errou o infalível papa. Acertou o falido ex-presidente."
Jorge Derviche Filho (Curitiba, PR)

Dia do Professor
"Fiquei realmente comovida com a mensagem do senhor Gabriel Chalita ("Mensagem a quem professa o magistério", "Tendências/Debates", 15/10). O professor só vai se tornar melhor quando seus salários forem dignos, quando sua sala de aula não estiver abarrotada com 45 alunos e quando as condições gerais de seu trabalho deixarem de uma vez por todas de ser insalubres e desmotivadoras -para não dizer periculosas. E falo com conhecimento de causa. Faço o penúltimo ano de licenciatura em matemática e as escolas que freqüentei nos meus estágios, a maioria na periferia, não me deixaram com o mínimo interesse em seguir a profissão."
Maria das Graças Rodrigues da Silva (São Paulo, SP)

Ministro
"Em recente artigo publicado na revista "Opinião", editada em Fernandópolis (SP), coloquei o doutor Márcio Thomaz Bastos entre os grandes advogados do Brasil. Estou levando pauladas vindas de todos os lados depois de Sua Excelência ter dito que não viu ilegalidade nem mesmo pecado "mortal" (!) no fato de o senhor presidente Lula ter pedido voto para a prefeita Marta Suplicy na inauguração de uma obra pública em São Paulo. E levei ainda mais pauladas depois que o senhor ministro afirmou que greve no Poder Judiciário é legal. Pensei muito e cheguei à seguinte conclusão: não errei. O doutor Márcio é, sim, um sábio advogado. O problema é outro: o seu fanatismo político. Fato que surpreende e causa grande decepção aos que o admiram como grande jurista e que contavam com a sua capacidade de discernimento e de equilíbrio à frente de um ministério tão importante. Cruz-credo! O PT e o presidente Lula estão, sim, bem servidos: têm um excelente advogado. Mas a República Brasil precisa urgentemente de um ministro da Justiça."
José Pontes (Fernandópolis, SP)


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