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São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

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É O FMI QUE DIZ

Em nota divulgada em Washington, o Fundo Monetário Internacional, que está firmando novo acordo com o Brasil, dirigiu elogios à política econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva, mas deixou claro que alguns problemas cruciais ainda não foram superados. Causando certo desconforto, o FMI repetiu o que inúmeros analistas, inclusive esta Folha, têm dito: a economia brasileira continua demonstrando fragilidade externa e medidas a respeito precisam ser tomadas. Entre elas, a nota cita a importância de recompor as reservas de divisas do Banco Central, que hoje, sem os recursos emprestados pelo próprio FMI, são de US$ 17 bilhões.
Essa é "uma avaliação do Fundo", reagiu o secretário-executivo da Fazenda, Bernard Appy, sugerindo que a análise não é de todo compartilhada pela área econômica. De fato, ao menos para consumo externo, o governo tem procurado enfatizar o recuo da cotação do dólar e do risco-país, dando a impressão de que a chamada vulnerabilidade externa está sob controle e que há uma onda mundial de confiança no Brasil.
Embora os fortes ajustes realizados para conter a deterioração do quadro econômico tenham alcançado resultados, está claro que o que há é uma conjuntura externa favorável, com queda da aversão ao risco, maior liquidez internacional e baixas taxas de juros nas principais economias. E isso favorece o fluxo de capitais para o Brasil em busca de ganhos financeiros. O que o FMI diz com todas as letras é que esse quadro, como já foi demonstrado à exaustão, pode ser rapidamente alterado, e que a economia "continua vulnerável a mudanças no sentimento dos mercados".
É certo que os problemas surgidos nos últimos anos, com a brutal elevação do endividamento e da dependência de capitais externos, não poderão ser sanados num passe de mágica. O que causa preocupação, no entanto, é que os sinais emitidos pela área econômica são muito semelhantes aos da gestão anterior, cujas tentativas de promover o crescimento se viram abortadas por sucessivas crises externas. No início de sua gestão, o ministro Palocci afirmou que não cometeria "erros velhos", iguais aos que seus predecessores vinham cometendo. Hoje, já não há tanta certeza de que ele os esteja evitando.


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