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DROGA NACIONAL
O ministro da Saúde, Humberto Costa, vem afirmando
que, para controlar o preço dos medicamentos, pretende ampliar a produção dos laboratórios estatais, hoje
em torno de 3% do consumo nacional. Aparentemente, já nem o PT defende mais a volta do Estado-empresário, mas é preciso reconhecer que
o mercado de remédios representa
um segmento especial, no qual há
espaço até para a produção estatal.
O setor de medicamentos é um no
qual as chamadas leis de mercado
não se aplicam da mesma forma que
em outras esferas da economia. Para
começar, fármacos são gêneros de
primeira necessidade sobre os quais
o consumidor tem reduzido poder
de escolha. Ele raramente pode evitar
ou adiar a compra de um remédio.
Na verdade, ele nem define o produto que vai consumir, tarefa que normalmente cabe ao médico.
Além disso, a indústria de medicamentos é dominada por grandes laboratórios internacionais. Embora
seja bastante acentuada a concorrência entre eles, o setor é segmentado,
não sendo incomum que apenas um
laboratório domine o mercado de alguns tipos de remédio.
Diante de tantas especificidades, a
concorrência e a racionalidade do
consumidor, sozinhas, não garantem a competição. É uma área em
que o Estado precisa intervir, por
meio de produção ou via regulação.
No Brasil, a indústria nacional de
medicamentos caminhou para trás.
Hoje, praticamente tudo é importado. Mesmo os laboratórios nacionais que produzem genéricos trazem do exterior o fármaco, limitando-se a transformá-lo em pílulas.
Num momento delicado para a economia, existe aí um importante ralo
de dólares. E o Brasil pode, com um
investimento modesto, voltar a fabricar, por meio de laboratórios oficiais
e privados, algumas das drogas mais
relevantes para a saúde pública.
Um programa responsável que resultasse na redução dos preços dos
remédios essenciais teria um impacto social extremamente positivo.
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