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FERNANDO RODRIGUES
Um governo fortíssimo
BRASÍLIA - O governo Lula começou com alguns tropeços sérios. O ministro dos Transportes, Anderson Adauto, está encrencado com acusações de
corrupção. Falou-se em bomba atômica. A reforma da Previdência é formatada de acordo com o soprar do
vento das corporações.
Essas trapalhadas podem dar a falsa impressão de fragilidade do Palácio do Planalto. Na prática, ocorre o
oposto. Lula tem um governo fortíssimo do ponto de vista político. Pode se
tornar até mais vitaminado do que
foi o de FHC.
Sem fazer juízo de valor sobre o método de rolo compressor utilizado,
Lula deve conseguir eleger duas pessoas de sua confiança para presidir a
Câmara e o Senado -João Paulo
Cunha (PT-SP) e José Sarney, respectivamente (PMDB-AP).
FHC também sempre teve alguém
de sua base de apoio no comando das
Casas do Congresso. Mas nada comparado ao poder que Lula terá para
manipular no Congresso -basta
lembrar os problemas do tucano com
Sarney e ACM no Senado.
O petista vai nomear três ministros
para o Supremo Tribunal Federal
neste ano. No ano que vem, mais um.
Em oito anos no Palácio do Planalto,
FHC nomeou apenas três ministros
para o STF, sendo que o último deles
foi apenas no meio do ano passado.
O núcleo duro de apoio de Lula no
Congresso será muito mais coeso do
que foi o de FHC. A começar pelo
partido âncora, o próprio PT, que terá 92 deputados a partir de fevereiro
e será disparado o maior agrupamento da Casa.
Lula tem, é verdade, uma descomunal desvantagem em relação a FHC.
O tucano governou parte de seus dois
mandatos com o real valendo perto
de um dólar. O petista enfrenta uma
grave crise econômica.
A grande questão é se o maior poder político de Lula em relação a
FHC compensará os problemas na
área econômica. Como é um cenário
novo para a jovem democracia brasileira, é melhor não fazer prognósticos
a respeito. O tempo vai responder.
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