São Paulo, domingo, 18 de fevereiro de 2001

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MUITO A FAZER

Ao completar 80 anos de existência, a Folha considera oportuno prestar contas de sua atuação e renovar seus compromissos. Vivemos numa sociedade em que não é comum periódicos subsistirem por tanto tempo. A trajetória deste jornal -desde seu aparecimento, em 1921, até converter-se no diário brasileiro de maior circulação- acompanha o ritmo de um país que se tornou urbano e industrial em poucas décadas.
Trajetória que por isso mesmo não é retilínea, mas permeável à ebulição de influências em meio às quais se formou o Brasil moderno. Integrar as vastas parcelas da população que seguem excluídas do progresso material é o desafio prioritário e cada vez mais inadiável. Mas é importante ressaltar duas conquistas históricas obtidas ao longo dos últimos 20 anos.
Mais do que mero restabelecimento episódico do Estado de Direito, o que aconteceu na década de 80 foi a consolidação de uma autêntica democracia. Desde então e pela primeira vez em nossa história, a maioria participa do processo eleitoral, as liberdades públicas encontram plena vigência, e as instituições funcionam livres de crises e ameaças.
Assegurada a estabilidade política, alcançamos na década de 90 sua contrapartida na economia, derrotando a inflação endêmica que minava a moeda e sabotava todo planejamento do futuro. Tal vitória foi precedida de tentativas frustradas que configuram um verdadeiro aprendizado coletivo. Resta muito a fazer.
Entre erros e acertos, esta Folha cristalizou nesse período um programa editorial definido pela independência em face do poder, pela crítica inspirada no interesse público e pela abordagem pluralista dos fatos e das diferentes tendências de pensamento que o jornal se empenha para abrigar em suas páginas.
Certo de que esse programa tem sido e será sua melhor contribuição ao desenvolvimento do país, o jornal vem reiterá-lo, assim como a necessidade de aproximar sua formulação abstrata da prática diária. Compartilhando estes 80 anos com o leitor, a Folha retribui-lhe a confiança ao pedir que seja o rigoroso fiscal desse compromisso.


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