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São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

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PACIFISMO GLOBAL

A oposição à guerra contra o Iraque levou, no último fim de semana, milhões de pessoas às ruas em todo o mundo. Foi o maior protesto coletivo na história da humanidade. Houve manifestações em mais de 600 cidades espalhadas por 60 países. Em certas regiões do hemisfério Norte, a população enfrentou temperaturas de até -30C.
Na Europa, as manifestações que reuniram mais pessoas foram as que ocorreram em países cujos governos apóiam os EUA em seus intentos bélicos. Em Londres, entre 750 mil e 2 milhões marcharam contra a guerra. Na Espanha, houve protestos em várias cidades, mas os de Madri e Barcelona podem ter contado, cada um deles, com mais de 1 milhão de manifestantes. Em Roma, os números variam entre 1 milhão e 3 milhões.
Mesmo nos EUA, onde desde o 11 de setembro andavam escassos gestos de oposição ao governo Bush, entre 250 mil e 400 mil foram às ruas de Nova York. A temperatura era de -4C, e um forte esquema de segurança atrapalhou a organização.
No Brasil, um público um pouco mais modesto -calculado em alguns milhares- compareceu às várias manifestações que ocorreram nas principais cidades do país.
Infelizmente é pouco provável que o inédito esforço de mobilização global demova Bush e seus aliados da intenção de depor Saddam Hussein "manu militari". Ao que parece, os preparativos para a guerra continuam a todo o vapor. Ainda assim, iniciativas pacifistas devem ser mantidas e até ampliadas. A oposição da opinião pública mundial ao conflito torna-se, na pior das hipóteses, um elemento que Bush e sobretudo seus acólitos europeus precisam considerar em seus cálculos políticos.
É claro que as motivações dos milhões de manifestantes variam enormemente. Mas é igualmente evidente que a maioria dessas pessoas não foi às ruas para defender Saddam Hussein, que é um ditador sanguinário, nem para exibir um antiamericanismo inconsequente. Os protestos só puderam ser tão grandes pelo mais elementar dos motivos: as razões alegadas para a guerra simplesmente não convencem.


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