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LUCROS E JUROS
De acordo com estudo realizado pela consultoria Austin
Asis, publicado nesta Folha, os bancos registraram uma rentabilidade
(lucro líquido sobre o patrimônio)
média de 24,5% em 2002. Trata-se da
maior taxa de lucro realizada pelo setor bancário durante os anos do governo FHC e, talvez, da história brasileira. Os lucros dos bancos analisados alcançaram R$ 9,8 bilhões, 31%
acima do ano anterior.
A rentabilidade do setor bancário
foi também muito superior à apresentada pelas corporações, em média estimada em 5,6%. A lucratividade do setor financeiro esteve associada basicamente aos ganhos obtidos
com as altas taxas de juros e à desvalorização do real. Os elevados
spreads (diferença entre o custo de
captação e a taxa de juros cobrada
aos tomadores de créditos) também
responderam por uma boa fatia desse lucro exorbitante.
Segundo o Banco Central, o spread
médio em empréstimos para as empresas situa-se em torno de 25% ao
ano, resultando em taxas de juros
acima de 50%. Nas operações de crédito com pessoas físicas, o spread
médio sobe para 54% ao ano, elevando as taxas de juros para mais de
83%. Mas, no crédito ao consumidor, as taxas de juros alcançam 117%
ao ano e no cheque especial, 220%.
Esses números revelam que as diferentes políticas utilizadas pelo governo FHC para induzir uma redução
nos spreads bancários não tiveram
pleno êxito. Cabe ao novo governo
estudar soluções para essa situação
insuportável. Evidentemente, não se
trata de retomar políticas implementadas nos anos 70 mediante a expansão do crédito público subsidiado,
mas de incentivar uma queda nos
spreads em um mercado extremamente concentrado. Os dez maiores
bancos brasileiros controlam mais
de 70% das operações de crédito total. A redução dos spreads bancários
e, portanto, das taxas de juros seria
fundamental para promover a retomada dos investimentos e do crescimento econômico doméstico.
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