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São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

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LUCROS E JUROS

De acordo com estudo realizado pela consultoria Austin Asis, publicado nesta Folha, os bancos registraram uma rentabilidade (lucro líquido sobre o patrimônio) média de 24,5% em 2002. Trata-se da maior taxa de lucro realizada pelo setor bancário durante os anos do governo FHC e, talvez, da história brasileira. Os lucros dos bancos analisados alcançaram R$ 9,8 bilhões, 31% acima do ano anterior.
A rentabilidade do setor bancário foi também muito superior à apresentada pelas corporações, em média estimada em 5,6%. A lucratividade do setor financeiro esteve associada basicamente aos ganhos obtidos com as altas taxas de juros e à desvalorização do real. Os elevados spreads (diferença entre o custo de captação e a taxa de juros cobrada aos tomadores de créditos) também responderam por uma boa fatia desse lucro exorbitante.
Segundo o Banco Central, o spread médio em empréstimos para as empresas situa-se em torno de 25% ao ano, resultando em taxas de juros acima de 50%. Nas operações de crédito com pessoas físicas, o spread médio sobe para 54% ao ano, elevando as taxas de juros para mais de 83%. Mas, no crédito ao consumidor, as taxas de juros alcançam 117% ao ano e no cheque especial, 220%.
Esses números revelam que as diferentes políticas utilizadas pelo governo FHC para induzir uma redução nos spreads bancários não tiveram pleno êxito. Cabe ao novo governo estudar soluções para essa situação insuportável. Evidentemente, não se trata de retomar políticas implementadas nos anos 70 mediante a expansão do crédito público subsidiado, mas de incentivar uma queda nos spreads em um mercado extremamente concentrado. Os dez maiores bancos brasileiros controlam mais de 70% das operações de crédito total. A redução dos spreads bancários e, portanto, das taxas de juros seria fundamental para promover a retomada dos investimentos e do crescimento econômico doméstico.


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