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CORTE NOS JUROS
A decisão do Comitê de Política Econômica do Banco Central (Copom) de reduzir em 0,25
ponto percentual a taxa básica de juros rompeu com o imobilismo dos
dois últimos meses, quando os cortes na Selic foram interrompidos. A
queda é pequena, mas sem dúvida
emite um sinal de alento para o setor
produtivo, cujas expectativas vêm
sendo em parte frustradas pela exagerada cautela da autoridade monetária, pautada pelo esforço de cumprir à risca a meta de inflação de
5,5% estabelecida para este ano.
As pressões de preços no atacado,
geradas por tentativas de recuperar
margens e compensar elevações de
custos, levaram o BC a colocar-se
ainda mais na defensiva. Os movimentos altistas, no entanto, têm cedido. Às vésperas da reunião de ontem, mesmo analistas mais conservadores, que pregam a preservação
da meta, consideravam possível uma
redução como a anunciada.
Do ponto de vista político, o corte
representa um alívio nas pressões
que se avolumam sobre o Planalto,
com críticas abertas à política econômica em meio à crise gerada pelo caso Waldomiro Diniz. A incógnita é
até que ponto o sinal é episódico ou
marcará o reinício de uma seqüência
de quedas em busca de níveis aceitáveis para os juros.
Os indicadores da indústria têm
mostrado que a retomada da atividade econômica está quase inteiramente circunscrita às exportações e às demandas do agronegócio. Os setores
mais dependentes do consumo interno permanecem deprimidos,
num quadro de alto desemprego e
deterioração do poder aquisitivo.
Mesmo segmentos como o de bens
duráveis, que vinham se beneficiando da retomada do crédito, passaram a correr o risco de ver suas vendas retrocederem. Em janeiro, os
empréstimos a pessoas físicas já haviam caído em relação a dezembro,
segundo dados do BC.
A decisão do Copom vai, portanto,
no sentido correto. Pequeno, o corte
não irá produzir efeitos significativos
na redução das taxas cobradas de
empresas e consumidores, mas deverá ter repercussões positiva nas expectativas da economia real.
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