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PLEITOS MULTILATERAIS
Os governos do Brasil e da Argentina lançaram a "Declaração sobre a Cooperação para o Crescimento Econômico com Eqüidade". Trata-se de um compromisso
bilateral para tentar ampliar os investimentos públicos e criar condições
para estimular o investimento privado. Entre outras medidas, os dois
governos querem mudanças no relacionamento com os organismos
multilaterais de crédito, como o Banco Mundial e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). As contrapartidas domésticas dos empréstimos concedidos por essas instituições não seriam contabilizadas como despesa no cálculo do superávit
primário exigido pelo FMI.
Pleitearam ainda que as metas estabelecidas para esses saldos primários nas contas públicas (receitas
menos despesas, exceto o pagamento de juros) não limitassem os investimentos em infra-estrutura, especialmente nas áreas de energia, habitação e transportes.
Mesmo que a flexibilização das regras do FMI faça sentido, ela parece
bastante difícil de se tornar realidade.
O pedido dos dois presidentes parece fadado a cumprir um papel meramente retórico num momento, aliás,
em que a Argentina descontenta
abertamente credores privados e cria
atritos com o Fundo. Os dois países
respondem por 49% dos empréstimos da instituição -o que por si só
contribui para dificultar mudanças
nos critérios dos acordos.
A volatilidade dos fluxos de capitais
dos anos 90 exigiu que os países em
desenvolvimento procurassem reduzir o endividamento externo de curto
prazo, manter taxas de câmbio competitivas, superávits em conta corrente e divisas internacionais. Mais
bem-sucedidos do que seus pares latino-americanos, os países emergentes asiáticos, entre os quais a China,
reuniram em conjunto reservas de
US$ 1,1 trilhão -o que permitiu um
distanciamento em relação ao FMI. É
uma realidade que merece ser mais
bem observada pelos dois combalidos parceiros do Mercosul.
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