São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Governo Lula
"O governo argumenta que ficará sem governabilidade se a CPI dos bingos for instalada. Mas ninguém pode perder o que não tem. O governo não sabe governar; não pode ter, obviamente, governabilidade. Assim, não adianta ficar comprando indultos a torto e a direito a pretexto de manter o que, já por princípio, não poderia ter. Como diria Chesterton, "não é que eles não vejam a solução; o que eles não enxergam é o problema"."
Flavio Sauer Spinola Dias (Petrópolis, RJ)

 

"Ao ver Lula dizer que vai criar "o maior programa social já visto na face da Terra" (Brasil, 14 de março, página A4), lembrei-me de um trecho do livro "Cem Anos de Solidão", de Gabriel García Márquez. Quando um dos personagens, o coronel Aureliano Buendía, vê pela primeira vez um bloco de gelo, diz: "Estamos diante do maior diamante do mundo". Uma falácia, descobriria ele depois. É assim o programa do nosso presidente. Triste governo, triste solidão."
Ivan Nascimento (Montes Claros, MG)

Protesto no Senado
"A atitude de Antonio Carlos Magalhães a respeito do homem que ameaçou se jogar da galeria do Senado é triste (Brasil, página A6 de ontem). Mostra indiferença e egoísmo. O pior inimigo dos pobres e desempregados neste país é a indiferença dos brasileiros ricos, que os tratam como vermes e marginais, não como seres humanos. Minha opinião sobre Sarney subiu muito depois desse incidente: ele se mostrou um ser humano com coração. Será que é necessário milhões de brasileiros irem ao Senado pedir emprego para a situação mudar?"
Paul Porry (Ribeirão Preto, SP)

Guerra das cervejas
"Danuza Leão acertou em cheio em seu texto de anteontem (Dinheiro, página B3) ao destacar o aspecto mais importante no episódio da guerra publicitária das cervejas: as obrigações de conduta e de comportamento -no caso, de Zeca Pagodinho, mas extensíveis a todos- tão necessárias para o amadurecimento deste país, onde hoje os contratos e a palavra dada de nada valem."
Eduardo de Souza Amaral (São Paulo, SP)

 

"Ao contrário do que escreveu Danuza Leão no seu comentário sobre o episódio Zeca Pagodinho, penso que a atitude do cantor veio a calhar: ainda que indiretamente, contribuiu para um entendimento correto a respeito do sentido da publicidade. Caiu por terra a idéia de que os participantes de comerciais estão ali não só pelo dinheiro, mas também porque adquirem e recomendam o produto. Quem participa de comerciais não pode fornecer exemplos de correção moral pelo simples fato de que o telespectador é concebido, seja por eles mesmos, seja pelas agências, como um meio que fornecerá rendimentos, nunca como fim. Nessa perspectiva, exigir coerência daqueles que participam desses anúncios significa defender disfarçadamente tal manipulação -ou simples ingenuidade."
Daniel De Luca (Belo Horizonte, MG)

Orientação sexual
"Leio na Folha de 16 de março (Cotidiano, página C5) que a CNBB e grupos islâmicos consideram vergonhosa a proposta de não-discriminação por orientação sexual feita pelo Brasil na ONU. O número de pessoas assassinadas por causa desse preconceito, infelizmente, ainda é grande. Seria interessante que o governo brasileiro e o Legislativo introduzissem no Código Penal esse tipo de postura como incentivo ao crime."
Mário Rudolf (São Paulo, SP)

União de homossexuais
"Lamentável a determinação da Justiça no Rio Grande do Sul (Cotidiano, pág. C5, 14/3). Respeito os gays como pessoas e meu comentário não se dirige a eles, mas sim à Justiça. A união entre homossexuais não pode ser comparada nem igualada à que existe entre heterossexuais. São coisas bem distintas. Uma família necessita do equilíbrio entre os sexos, para o bem dos filhos e da sociedade. Os filhos se desenvolvem convivendo com as diferenças complementares entre marido e mulher. Duas pessoas do mesmo sexo, por mais que se esforcem, não conseguem obter esse equilíbrio, pois isso falta em sua natureza. A Justiça deveria ser baseada mais em fatos do que em sentimentos, estáveis ou não."
David Viveiros Júnior (Campbell, EUA)

Obras em São Paulo
"O barulho noturno das obras do túnel na Cidade Jardim é um absurdo do tamanho da ganância política dos interessados. A obra está, visivelmente, sendo executada sob pressão eleitoral. A prefeita acredita que basta aparecer na TV para justificar a transgressão explícita do direito do cidadão ao silêncio. Ela não precisa ter pressa para entregar essa ou qualquer outra obra, pois, com elas ou sem elas, o resultado das urnas será o mesmo. A favor do cidadão, é claro."
Eliana Bianco (São Paulo, SP)

 

"Há tempos, escrevi que as obras de Marta Suplicy na avenida Rebouças, em São Paulo, eram malufistas e eleitoreiras. Transitei há pouco por suas imediações e reconheço que fui injusto. Maluf era esperto e não iniciaria uma obra que não pudesse acabar antes das eleições. Também não são eleitoreiras: não creio que haja um só paulistano que enfrente aquele caos e depois vote em Marta."
Jorge Alberto de Oliveira Marum (Piedade, SP)

Futebol
"Triste povo o brasileiro, que foi educado (ou não...) para achar que os problemas de sua vida se resumem ao futebol. É um lamentável desperdício de energia e tempo pessoas darem-se ao luxo de um dia inteiro num aeroporto, sem trabalhar, para jogar ovos nos outros (Esporte, pág. D1 de ontem), em vez de parar por uma hora para pensar em como resolver problemas reais. E talvez chegar à conclusão de que os protestos deveriam se dirigir àquelas pessoas que os deixaram sem emprego, escola e segurança."
Luiz Augusto Módolo de Paula (São José dos Campos, SP)

Sexo na adolescência
"Lendo o texto "Gravidez na adolescência é comum no Brasil, diz pesquisa" (Folhateen de 15/3), fiquei preocupado com a surpresa do colunista Jairo Bouer. O que temos hoje no Brasil é uma exaltação do sexo e um ataque aos efeitos, nunca à causa, do problema. Se não mudarmos o enfoque das nossas campanhas, que só falam de uso de preservativos, métodos anticoncepcionais etc., não teremos outros resultados. Os jovens precisam ter mais informação sobre o verdadeiro amor, a importância da família na sociedade, o sexo no casamento, a responsabilidade de ter filhos e criá-los. Os pais, por sua vez, deveriam dedicar menos tempo às novelas de TV e mais a cursos de formação. Acredito também que alguns especialistas põem a felicidade apenas no sexo, esquecendo que esse item é apenas uma parte do indivíduo, e acabam gerando mais ansiedade e desejo de "novas experiências" antes da hora, principalmente em adolescentes sem maturidade suficiente para criar uma criança."
Ricardo V. Sacchi, psicólogo (São Paulo, SP)

Deputados do PT
"O texto "Frente contra Palocci recebe adesões entre petistas moderados" (Brasil, pág. A7 de ontem), no que me diz respeito, é integralmente falso, e o jornalista que o redigiu em nenhum momento me consultou. Nunca participei de nenhuma "frente parlamentar social" e de nenhum movimento de contestação ao ministro Palocci. Pelo contrário, questionei publicamente o deputado Valdemar Costa Neto quando teceu críticas ao ministro da Fazenda. Solicito à Folha que, em nome de sua credibilidade, repare essa tentativa grosseira de criar um clima de intriga entre companheiros de partido, baseando-se unicamente na maliciosa fantasia do repórter."
Arlindo Chinaglia, líder do PT na Câmara dos Deputados (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Gustavo Patú-
Chinaglia integra a Frente Parlamentar e Social de Acompanhamento da Dívida Pública, do Sistema Financeiro e da Política de Juros, como informa o site da entidade. A frente defende mudanças na política econômica.

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