São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 2006

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CHINESES EM WASHINGTON

Nesta semana , o líder chinês, Hu Jintao, realiza visita oficial aos EUA. Trata-se de um evento relevante, posto que as duas nações representam os dois pólos mais dinâmicos da economia mundial. Têm mantido uma relação de crescente interdependência econômica e, também, de ameaças recíprocas.
A China adota uma estratégia fundada em agressiva política de comércio exterior, na atração de investimento estrangeiro direto, com taxas de câmbio e juros estáveis. Tornou-se centro de demanda para os produtos dos vizinhos asiáticos e para as "commodities" agrícolas, minerais e petróleo de todo o planeta. A indústria chinesa monta os produtos e exporta para os países desenvolvidos. Com os EUA, o superávit comercial chinês subiu de US$ 35,7 bilhões em 1994 para US$ 201,7 bilhões em 2005.
Os chineses acumularam reservas internacionais estimadas em US$ 820 bilhões. Tais recursos são aplicados em títulos do governo americano, o que mantém os juros baixos e fomenta o consumo nos EUA.
O comércio estará no centro da discussão entre Hu Jintao e o presidente dos EUA, George W. Bush. Os americanos pressionam pela valorização do yuan, a fim de reduzir o déficit comercial e responder às pressões dos seus sindicatos. Caso a moeda chinesa não se valorize, o Senado dos EUA ameaça introduzir um imposto de importação com alíquota de 27,5% para todo produto chinês.
Respondendo às pressões americanas, o yuan passou a flutuar em torno de uma minibanda a partir de julho de 2005. A China sinalizou com a flexibilização das restrições sobre investimentos pessoais e empresariais no exterior. Essa flexão nas regras faz parte da estratégia do governo chinês para afrouxar os controles de capital e conter as pressões por medidas mais agressivas na esfera cambial. Mas o ímpeto de Washington por alterações mais fundamentais na macroeconomia do parceiro asiático resiste. Daí a especial importância do encontro entre Bush e Hu.


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