São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 2006

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DE GUARDA BAIXA

É preocupante o alerta lançado pelo médico Luiz Jacintho da Silva, professor titular de infectologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e ex-superintendente da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), de que o país deverá enfrentar um aumento no número de casos de dengue.
O vaticínio de Silva parte de dois dados concretos: o relaxamento no combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, e o crescimento da doença verificado em toda a América do Sul.
A piora no controle dos focos do Aedes, embora lamentável, é até certo ponto natural. Após dois ou três anos de queda nos números da doença, é inevitável que as pessoas passem a preocupar-se menos com a ela. Dão menos atenção ao acúmulo de água parada em vasos e objetos em suas casas. O inseto encontra então condições ideais para proliferar.
Há boas razões para temer surtos recorrentes de dengue. Ainda não são bem conhecidos os mecanismos que levam certas pessoas a desenvolver a forma hemorrágica -que pode ser fatal se não diagnosticada a tempo. Qualquer um dos quatro sorotipos do vírus que provoca a dengue pode em princípio desencadear o choque hemorrágico. Mas um dos fatores que parecem predispor à forma hemorrágica é sofrer sucessivas infecções por sorotipos diferentes do da moléstia original.
É aqui que a epidemia ganha caráter de grave problema de saúde pública, pois, a cada verão com surtos, tende a crescer o número de casos de dengue hemorrágica, já que aumenta o estoque de pessoas que já foram vítimas de uma primeira infecção.
Ao que tudo indica, é impossível erradicar a dengue, pois é impossível eliminar todos os mosquitos do gênero Aedes. Assim, a única arma disponível continua a ser o controle dos focos do inseto. Para tanto, é preciso transformar o combate às larvas do mosquito numa preocupação constante e de todos -o que infelizmente ainda não aconteceu.


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