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DE GUARDA BAIXA
É preocupante o alerta lançado pelo médico Luiz Jacintho
da Silva, professor titular de infectologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e ex-superintendente da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), de que
o país deverá enfrentar um aumento
no número de casos de dengue.
O vaticínio de Silva parte de dois
dados concretos: o relaxamento no
combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, e o crescimento da doença verificado em toda a América do Sul.
A piora no controle dos focos do
Aedes, embora lamentável, é até certo
ponto natural. Após dois ou três
anos de queda nos números da
doença, é inevitável que as pessoas
passem a preocupar-se menos com a
ela. Dão menos atenção ao acúmulo
de água parada em vasos e objetos
em suas casas. O inseto encontra então condições ideais para proliferar.
Há boas razões para temer surtos
recorrentes de dengue. Ainda não
são bem conhecidos os mecanismos
que levam certas pessoas a desenvolver a forma hemorrágica -que pode
ser fatal se não diagnosticada a tempo. Qualquer um dos quatro sorotipos do vírus que provoca a dengue
pode em princípio desencadear o
choque hemorrágico. Mas um dos
fatores que parecem predispor à forma hemorrágica é sofrer sucessivas
infecções por sorotipos diferentes do
da moléstia original.
É aqui que a epidemia ganha caráter de grave problema de saúde pública, pois, a cada verão com surtos,
tende a crescer o número de casos de
dengue hemorrágica, já que aumenta o estoque de pessoas que já foram
vítimas de uma primeira infecção.
Ao que tudo indica, é impossível erradicar a dengue, pois é impossível
eliminar todos os mosquitos do gênero Aedes. Assim, a única arma disponível continua a ser o controle dos
focos do inseto. Para tanto, é preciso
transformar o combate às larvas do
mosquito numa preocupação constante e de todos -o que infelizmente
ainda não aconteceu.
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