![]() São Paulo, quarta-feira, 18 de maio de 2011 |
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FERNANDO DE BARROS E SILVA X-tudo do Kassab SÃO PAULO - Adolescente, passava o Carnaval em Serra Negra, interior paulista. Costumava sair do baile com os amigos, já alta madrugada, direto para um boteco bem furreca -o "Bar do Titão". Comíamos, quase todos, o famoso X-tudo do lugar, que fazia jus ao nome. Entre fatias de bacon pingando gordura e maionese saindo pelo ladrão, brincávamos quem seria o primeiro a morder um pé de sandália ou o dedo do chapeiro no meio do pão. A reminiscência subproustiana com sotaque caipira vem a propósito do partido de Kassab. Ocorreu-me que o PSD é o X-tudo do Titão. O prefeito publicou anteontem, na página 3 da Folha, um texto propagandístico da legenda que idealizou. Fico com o parágrafo final: "O PSD surge para participar, construir e avançar na direção de um país mais justo. Com as lições deixadas pela democracia, pela esquerda, pelo centro e pela direita". Trata-se -mas agora por escrito, para carimbá-la como uma divisa do partido- de uma variação da frase que Kassab disse dias atrás: "O PSD não será de direita, nem de esquerda, nem de centro". Soa como piada, mesmo para os padrões da bagunça nacional. O PSD faz da falta de caráter o seu ideal político. O X-tudo de Kassab é um ajuntamento de apetites particulares, um catadão aleatório de ingredientes aquecidos na chapa do oportunismo à espera do pão da fisiologia. A definição serviria ao PMDB -e o PSD é hoje o maior sintoma da peemedebização da política. Mas o PMDB já foi, um dia, uma frente democrática e tentou, depois, ser um partido de centro desenvolvimentista, antes de se tornar isso. O PSD de Kassab já nasce oleoso, com cara de bacon e gosto de maionese. Enquanto o prefeito, numa espécie de euforia momesca, se dedica de corpo e alma a engordar o seu X-tudo, a administração da cidade vive em clima de ressaca e abandono a sua Quarta-Feira de Cinzas. ![]() Palocci para empresário do ano. Texto Anterior: Editoriais: A sucessão no FMI Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Palocci e o poder Índice | Comunicar Erros |
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