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OS EUA SE MOVEM
Há pouco mais de uma semana, as
autoridades econômicas dos EUA declararam que o Japão deveria tratar
sozinho de suas próprias feridas.
O sinal foi então suficiente para
deslanchar uma brutal desvalorização do iene, projetando uma nova
onda de pânico cambial e nas Bolsas
asiáticas, que, ato contínuo, afetou a
própria Bolsa norte-americana.
Ontem, diante da proporção assumida pelas consequências da atitude
inicial, veio o próprio presidente Bill
Clinton a público anunciar que o
banco central dos EUA passava a ajudar o Japão a sustentar o iene. Houve
alívio geral, as Bolsas se recuperaram e o iene valorizou-se.
Os Estados Unidos deram, assim,
mais uma demonstração de que têm
consciência do caráter interdependente dos mercados internacionais.
Infelizmente, o governo norte-americano tem esperado até o último minuto para dar tais mostras de co-responsabilidade na gestão da crise financeira global. Foi por exemplo necessário, no ano passado, que a Coréia do Sul acenasse claramente com
uma moratória total da dívida externa para que os EUA interviessem, garantindo a ajuda necessária para conter o pânico que se afigurava.
Na Indonésia, foram também infelizmente necessárias centenas de
mortes e o espectro de uma guerra
civil para que o governo dos EUA entrasse em campo, apoiando uma
transição política e uma flexibilização nas condições draconianas que o
FMI pretendia impor ao país.
Mas os vários exemplos mostram
também que, até agora, apesar das
várias intervenções (ainda que tardias) dos EUA, nenhum dos problemas estruturais da Ásia e de outras
economias emergentes foi corrigido.
Trata-se portanto de ações necessárias, mas insuficientes. O alívio é
mais que oportuno, agora que o pânico ganha impulso. Mas a crise continua. Por enquanto, o que se pode
dizer das operações de salvamento é
que, se já tem sido ruim com elas,
seria pior se os mercados especulativos fossem deixados à própria sorte.
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