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VIDA DIFÍCIL
Nos últimos meses, a natureza contribuiu mais uma vez para aumentar
a desgraça de uma população que jamais foi prioridade séria de governo
algum: a nordestina.
Os últimos governos do Ceará haviam reduzido a taxa de mortalidade
infantil a um terço do que era em 86.
Mas o Estado tem uma das populações mais pobres do país. A situação
econômica dessas pessoas ainda é
frágil. Uma seca mais forte foi bastante para levar à morte mais crianças. Ou para fazer com que aumentasse o atendimento à infância desnutrida nos serviços sociais cearenses, segundo informações oficiais.
A situação que ora se observa com
tristeza no Ceará pode ser ainda pior
em outros Estados do Nordeste. E,
de certo modo, em menor grau, tem
sua semelhança com o que acontece
com os mais pobres em todo o país
nestes tempos de crise econômica.
O Plano Real havia elevado a renda
real média brasileira quase aos níveis
mais altos da história. Os mais pobres haviam sido os mais beneficiados. Mesmo assim, a renda média familiar per capita de um terço dos brasileiros não chega a ser maior que R$
90 por mês. É muito pouco.
As condições de vida dessas pessoas estão quase sempre por um fio.
Basta alguém na família perder o emprego que o já precário sustento de
todos os seus membros fica ameaçado. E o desemprego e o trabalho precário vêm aumentando.
A elevação dos preços da cesta básica é outro sério perigo. Em São Paulo, nos últimos seis meses, o preço
desses produtos essenciais subiu
13,3%, contra uma inflação de cerca
de 2%. Passou de R$ 113 para R$ 128.
Parece pequeno o aumento: R$ 15.
Mas é uma quantia importante para
quem recebe R$ 140, que é o ganho
mensal médio de 50% dos trabalhadores do país, segundo os dados da
última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE, de 96.
É provável que esteja nesses dados a
raiz da insatisfação que ameaça a
reeleição antes tranquila do presidente Fernando Henrique Cardoso.
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