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De novo a polícia
LUIZ CAVERSAN
Rio de Janeiro - Três acontecimentos
recentes trazem de volta a esta coluna,
infelizmente, o tema polícia.
Primeiro vem a história dos dois alemães que estão no Rio na trupe da
ópera "Time Rocker", que estréia
amanhã aqui no Municipal, e que foram sequestrados na porta do hotel.
Afora o fato de um dos sequestradores estar usando uniforme policial
-na hora da abordagem, os alemães
foram informados de que estavam
sendo presos-, o crime aconteceu
num dos locais mais movimentados e
policiados da av. Atlântica, em plena
Copacabana, pouco depois das 22h.
Inacreditável que isso ainda ocorra no
Rio.
Depois vem o relatório da Anistia
Internacional sobre violação dos direitos humanos, que contempla a polícia brasileira com considerações desabonadoras, principalmente no que se
refere a um velho hábito local, que é o
de atirar primeiro e perguntar depois.
A polícia do Rio foi nominalmente
citada por conta da quantidade de
"disparos letais" -o eufemismo é do
próprio relatório- que seus homens
fizeram ao longo de 97.
Por último, uma historinha: um fotógrafo perde na rua seu telefone celular. O aparelho cai em frente a uma
locadora de vídeo e é recolhido por um
rapaz que trabalha na loja.
Horas depois, uma amiga do fotógrafo liga para o celular e quem atende é o rapaz, que se identifica, dá endereço e diz que o aparelho pode ser
retirado sem problemas.
No dia seguinte, ao tentar reaver seu
pertence, o fotógrafo ouve o seguinte
relato do jovem: na noite anterior,
próximo de casa, ele fora barrado numa blitz policial. Um soldado faz perguntas sobre o celular (onde ele tinha
conseguido, qual era o número), diz
não acreditar naquela conversa e
"apreende" o aparelho. De quebra, fica também com o relógio do rapaz.
Indignado, o fotógrafo procura a delegacia do bairro onde ocorreu a blitz,
faz o relato do que tinha acontecido e
ouve a seguinte resposta do policial
que o atendia:
"Você acha que a polícia tem tempo
de ficar procurando celular?"
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