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Uma boa decisão do Senado
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Só se fala em Copa do
Mundo e eleição aqui em Brasília. Por
isso passou despercebida uma excelente decisão do Senado.
Aprovada anteontem na Comissão
de Assuntos Econômicos, hoje deve ser
referendada pelo plenário do Senado
uma resolução que exterminará a farra das dívidas públicas estaduais e
municipais.
Se tudo for aprovado como é desejo
do presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães, os governadores
não poderão contrair novas dívidas se
os seus débitos atuais ultrapassarem o
equivalente a um ano de receita.
É uma medida duríssima. Assim como é quase inacreditável que o Senado a esteja tomando (vamos esperar a
votação de logo mais). Mas é a única
forma de consertar um dos maiores
cancros do país, que é o endividamento público malfeito.
O país passou por décadas de regime
autoritário sem que os governadores
prestassem contas. Depois, foram os
anos da inflação, da corrupção e da
má administração pura e simples.
Essa dívida herdada pela população
de todos os Estados é a grande responsável pela incapacidade atual do poder público. Irrita ligar a TV e ouvir
governadores reclamando sem parar
da falta de dinheiro.
Ao limitar o endividamento dos Estados e dos municípios, o Senado presta um imenso serviço ao país. Os governadores que tomarem posse em janeiro terão de se enquadrar ao mais
prosaico ritual a que se submetem milhões de brasileiros todos os dias: adequar seus gastos às suas receitas.
Para não dizer que foi uma decisão
perfeita, a resolução do Senado também autoriza os municípios a renegociar suas dívidas, tendo o governo federal como avalista.
As duas cidades mais caloteiras do
país, São Paulo e Rio, poderão repactuar seus R$ 8 bilhões de dívidas, com
30 anos de prazo para pagar.
Apesar dessa mamata para as cidades, a decisão do Senado é vital para o
reajuste da economia. A votação final
está prevista para hoje. Fazem bem os
brasileiros se torcerem pela aprovação
da mesma forma como torcem nestes
dias pela seleção na Copa da França.
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