São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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EXPORTAR E INVESTIR

O ritmo de recuperação da atividade econômica vai ganhando força, uma vez que se generaliza para os diferentes setores e para as diversas regiões do país. O dinamismo, no entanto, continua liderado pelas exportações, beneficiadas pela expansão da demanda externa, abertura de novos mercados e alta dos preços das commodities.
Os sinais de melhora já aparecem nos indicadores de confiança dos investidores externos na economia brasileira, como o risco Brasil, calculado pelo JP Morgan Chase, que caiu abaixo dos 600 pontos. Também a taxa de câmbio recuou, voltando ao patamar de R$ 3,00.
Até o momento, prossegue a retomada da economia internacional sob a liderança dos EUA e da China, mesmo com um aumento do grau de incerteza, representado pelos riscos geopolíticos (terrorismo e Oriente Médio) e a manutenção do preço do petróleo em torno de US$ 40 o barril, o que reduz a previsibilidade dos agentes econômicos.
A economia americana continua avançando, embora emita sinais de arrefecimento do ritmo de expansão -com queda na produção industrial e na retomada do emprego. A taxa de inflação permanece sob controle. O índice de preços ao consumidor norte-americano ficou em 0,3% em junho -contra 0,6% em maio. Já o índice de preço ao produtor apresentou deflação de 0,3%. Com isso, o banco central americano, o Fed, deverá manter o ritmo gradual de alta da taxa de juros básica.
Projeta-se para 2004, uma taxa de crescimento do PIB brasileiro de cerca de 3,5%, uma taxa de inflação em torno de 8% e um superávit em conta corrente acima de 1% do PIB. É fundamental, no entanto, que o país aproveite esse ambiente interno e externo mais favorável para consolidar a retomada da atividade econômica, preservando a redução da vulnerabilidade externa e recuperando a confiança dos empresários.
A demanda interna continua relativamente frágil devido à fraca recuperação dos salários e do emprego, bem como do elevado custo do crédito. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o emprego industrial cresceu 1% frente a abril e 0,9% em relação a maio do ano passado. No ano, o emprego ainda acumula queda de 0,3%. Nos últimos 12 meses, o recuo é de 0,9%.
As elevadas taxas de juros e a crescente carga tributária oneram os investimentos em bens e serviços. De acordo com o IBGE, a taxa de formação bruta de capital fixo caiu de 20,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 1995 para 18% em 2003. No primeiro trimestre de 2004, houve uma leve recuperação, mas as empresas ainda hesitam em ampliar a capacidade produtiva, a despeito do aumento na ocupação da capacidade instalada, que atingiu 82,5% em maio. Os empresários ainda padecem de falta de confiança no futuro em razão dos fundamentos da economia (elevado endividamento do setor público e dependência do capital externo), bem como de incertezas sobre a recuperação da demanda interna, dadas as trajetórias anteriores de "stop and go".
Em relação às contas externas, entre 1993/2003, 58% das exportações brasileiras eram classificadas como produtos primários; 12%, manufaturas intensivas em mão-de-obra ou recursos naturais. A pauta de exportações brasileiras precisa melhorar para preservar o saldo comercial e ampliar as reservas em moeda forte.


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