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RECICLAGEM HOSPITALAR
O problema dos custos crescentes na medicina é real. De
Estados a particulares, passando por
seguradoras, planos de saúde e instituições médicas, todos se preocupam com os altos preços com que
novas tecnologias médicas costumam chegar ao mercado. Como suspender o avanço da pesquisa está fora de questão, é preciso ao menos
tentar reduzir os valores pagos pelos
procedimentos mais utilizados.
É nesse quadro que a reciclagem de
materiais ganha importância. Para
evitar infecções, o ideal seria que tudo o que se utiliza em medicina fosse
descartado após uma única utilização, mas isso é impraticável. Fazê-lo
equivaleria a excluir de tratamentos
efetivos uma parcela da população. E
essa parcela seria, como sempre, a
dos mais pobres. Um cateter cardíaco, por exemplo, pode custar R$
5.000. Se ele for utilizado uma única
vez, esse será o ponto de partida para
o custo do procedimento. Se ele for
utilizado dez vezes, como é possível,
o custo inicial já cai para R$ 500.
De resto, existem técnicas de esterilização consideradas seguras. O que
falta no Brasil, porém, é uma regulamentação que defina, entre outras
coisas, os materiais que podem e os
que não podem ser reutilizados. É
nesse caminho que se precisa avançar. Sem regras claras e rotinas definidas, cada hospital ou clínica cria
suas normas -e aí reside o perigo.
Nunca é demais recordar que nem
todo equipamento deve ser reciclado. Determinados instrumentos têm
formatos e/ou materiais que dificultam a assepsia. Mais que isso, é preciso garantir que a técnica de esterilização usada seja a mais indicada e
que o hospital responda pela qualidade dos petrechos que recicla.
Não se pode ignorar a força do
lobby da indústria farmacêutica, que
por razões óbvias se opõe à reciclagem. Mas será lamentável se, por
conta da pressão dos custos, o país
reduzir a oferta de tratamento médico de ponta aos que dele necessitam.
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