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São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

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RECICLAGEM HOSPITALAR

O problema dos custos crescentes na medicina é real. De Estados a particulares, passando por seguradoras, planos de saúde e instituições médicas, todos se preocupam com os altos preços com que novas tecnologias médicas costumam chegar ao mercado. Como suspender o avanço da pesquisa está fora de questão, é preciso ao menos tentar reduzir os valores pagos pelos procedimentos mais utilizados.
É nesse quadro que a reciclagem de materiais ganha importância. Para evitar infecções, o ideal seria que tudo o que se utiliza em medicina fosse descartado após uma única utilização, mas isso é impraticável. Fazê-lo equivaleria a excluir de tratamentos efetivos uma parcela da população. E essa parcela seria, como sempre, a dos mais pobres. Um cateter cardíaco, por exemplo, pode custar R$ 5.000. Se ele for utilizado uma única vez, esse será o ponto de partida para o custo do procedimento. Se ele for utilizado dez vezes, como é possível, o custo inicial já cai para R$ 500.
De resto, existem técnicas de esterilização consideradas seguras. O que falta no Brasil, porém, é uma regulamentação que defina, entre outras coisas, os materiais que podem e os que não podem ser reutilizados. É nesse caminho que se precisa avançar. Sem regras claras e rotinas definidas, cada hospital ou clínica cria suas normas -e aí reside o perigo.
Nunca é demais recordar que nem todo equipamento deve ser reciclado. Determinados instrumentos têm formatos e/ou materiais que dificultam a assepsia. Mais que isso, é preciso garantir que a técnica de esterilização usada seja a mais indicada e que o hospital responda pela qualidade dos petrechos que recicla.
Não se pode ignorar a força do lobby da indústria farmacêutica, que por razões óbvias se opõe à reciclagem. Mas será lamentável se, por conta da pressão dos custos, o país reduzir a oferta de tratamento médico de ponta aos que dele necessitam.



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