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Mais tempo na escola
O
ENSINO fundamental brasileiro está em petição de
miséria. Resultados da
Prova Brasil mostram que os alunos estão terminando a 8ª série
com o conhecimento que deveriam ter adquirido até a 4ª série.
Essa é a má notícia. A boa é que
os sistemas de avaliação estão
funcionando e levando as autoridades a finalmente tomar atitudes para mudar a situação.
Depois das péssimas notas obtidas pelas escolas paulistanas na
Prova Brasil -21º lugar entre as
26 capitais avaliadas no teste de
português-, a Secretaria da
Educação anuncia que, a partir
de 2007, 260 mil dos 548 mil estudantes da rede municipal vão
ficar uma hora a mais na escola.
Mais, 58 colégios porão um fim
ao absurdo pedagógico do terceiro turno -no qual os alunos assistem a aulas entre as 11h e as
15h, sem merenda. É apenas um
modesto começo, pois 309 das
459 escolas municipais funcionam atualmente em três turnos.
A iniciativa da prefeitura, cujo
sentido é louvável, poderá provocar problemas. Existe o risco
de que se aumente o número de
alunos por classe. A média hoje é
de 35 estudantes por turma. Documentos da Secretaria da Educação falam em até 40 alunos.
Tal efeito seria aceitável desde
que provisório. Pior que uma sala superlotada é uma jornada escolar atravancada, que sacrifica
até um terço dos alunos.
É bom que as autoridades municipais estejam se mexendo.
Mas deve-se ter em mente que
acabar com o terceiro turno e aumentar em uma hora o período
letivo é pouco diante do desastre
que é, em termos de qualidade, a
educação pública no país. Metade dos alunos que concluem a 4ª
série são analfabetos funcionais:
não compreendem o sentido das
palavras que aprenderam a balbuciar. O Brasil ainda está à espera de um estadista que transforme a melhoria do ensino público em obsessão nacional.
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