São Paulo, sexta-feira, 18 de agosto de 2006

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Mais tempo na escola

O ENSINO fundamental brasileiro está em petição de miséria. Resultados da Prova Brasil mostram que os alunos estão terminando a 8ª série com o conhecimento que deveriam ter adquirido até a 4ª série. Essa é a má notícia. A boa é que os sistemas de avaliação estão funcionando e levando as autoridades a finalmente tomar atitudes para mudar a situação.
Depois das péssimas notas obtidas pelas escolas paulistanas na Prova Brasil -21º lugar entre as 26 capitais avaliadas no teste de português-, a Secretaria da Educação anuncia que, a partir de 2007, 260 mil dos 548 mil estudantes da rede municipal vão ficar uma hora a mais na escola.
Mais, 58 colégios porão um fim ao absurdo pedagógico do terceiro turno -no qual os alunos assistem a aulas entre as 11h e as 15h, sem merenda. É apenas um modesto começo, pois 309 das 459 escolas municipais funcionam atualmente em três turnos.
A iniciativa da prefeitura, cujo sentido é louvável, poderá provocar problemas. Existe o risco de que se aumente o número de alunos por classe. A média hoje é de 35 estudantes por turma. Documentos da Secretaria da Educação falam em até 40 alunos.
Tal efeito seria aceitável desde que provisório. Pior que uma sala superlotada é uma jornada escolar atravancada, que sacrifica até um terço dos alunos.
É bom que as autoridades municipais estejam se mexendo. Mas deve-se ter em mente que acabar com o terceiro turno e aumentar em uma hora o período letivo é pouco diante do desastre que é, em termos de qualidade, a educação pública no país. Metade dos alunos que concluem a 4ª série são analfabetos funcionais: não compreendem o sentido das palavras que aprenderam a balbuciar. O Brasil ainda está à espera de um estadista que transforme a melhoria do ensino público em obsessão nacional.


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