São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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TENDÊNCIAS/DEBATES

A busca de um Estado perdido

PAULO MALUF

É desafiante o Estado de São Paulo que pretendo governar.
Muito mais do que o Estado de São Paulo que governei. Isso me estimula. Tenho experiência para resolver problemas, encontrar caminhos alternativos, disposição para o trabalho. Sei onde achar pessoas competentes para trabalhar. Convocarei a sociedade civil, as universidades, os empresários, a OAB e os sindicatos dos trabalhadores para que me me ajudem.
A situação econômico-financeira do Estado, ao contrário do que os tucanos dizem, não está saneada. Não sou eu quem afirma isso, e sim o "Diário Oficial" do Estado de São Paulo. Segundo a edição de 30/9/95 (página 105), início do tucanato, a dívida pública de São Paulo era de R$ 12,9 bilhões. Em 9/4/02, segundo o mesmo "Diário Oficial" (página 112), a dívida aumentou para R$ 93,7 bilhões, com a agravante de que, nesse meio tempo, os tucanos venderam os principais ativos de São Paulo, por R$ 33 bilhões, e ninguém sabe o que foi feito desse dinheiro. Venderam o Banespa, a Eletropaulo, a CPFL, parte da Cesp, o Ceagesp, a Comgás, a Fepasa.
Em São Paulo há 4 milhões de desempregados, o que não acontece por acaso. Pois, nestes últimos anos, é impressionante o número de empresas e indústrias que saíram daqui, atraídas por melhores condições tributárias oferecidas por Estados vizinhos. Milhares de postos de trabalho em São Paulo foram extintos, sem que o governo tucano fizesse algo para impedir essa ação predatória.
Quando governador, nenhuma indústria ou empresa sairá mais de São Paulo, pois vou até a guerra fiscal para impedir que isso aconteça. Estarei pessoalmente à frente da luta para preservar os empregos e atrair novas empresas e indústrias que se instalem aqui.
Só o governador tem autoridade e rapidez para agir onde for preciso, agilizando providências, removendo entraves burocráticos e impondo sua autoridade, pois o que importa é criar vagas de trabalho. Novas vagas de trabalho fazem girar a dinâmica própria da economia, que, por sua vez, aumenta a receita e fortalece como um todo a atividade econômica do Estado.
Mas há muito mais que o governador em pessoa pode fazer. Como criar pólos de exportação em vários pontos do Estado, sem implantar necessariamente agências especiais para cuidar disso -o que só geraria o encargo de novos funcionários-, pois é possível usar a máquina do Estado que já existe para tal.


A situação econômico-financeira do Estado, ao contrário do que os tucanos dizem, não está saneada


Acrescente-se um benefício extra a quem pretende vir trabalhar aqui ou continuar com suas atividades em São Paulo, que é o da segurança. Em meu governo, a violência diminuirá, e a falta de segurança também. Hoje somos todos prisioneiros dentro de nossas próprias casas. Empresas e indústrias não estão fora desse constrangimento.
Já disse que em todo o Estado o policiamento ostensivo vai voltar às ruas. Pelotões da Rota serão criados em todas as cidades médias de São Paulo, com soldados recrutados naquelas regiões.
Serão construídos em meu governo, em médio prazo, presídios agrícolas e industriais, onde os presos trabalhem, e que são mais baratos. Sem recuperação, o bandido volta a roubar e a matar.
A longo prazo, haverá investimento maciço na educação, na saúde e em atividades que gerem empregos e afastem os jovens e suas famílias dos falsos atrativos da criminalidade, criando perspectiva de futuro para todos.
Finalmente, há a questão dos pedágios em São Paulo. Nossa malha viária foi entregue a empresas particulares, que nada mais fizeram do que implantar nas estradas paulistas mais de 80 praças de pedágio. No meu primeiro dia de governo, determinarei que o pedágio não seja cobrado entre 23h e 6h. Ao mesmo tempo, oficiarei ao Ministério Público para que investigue como as concessões das estradas a particulares foram feitas. Rediscutirei o preço dos pedágios, que em certas estradas é mais alto do que na Europa e nos EUA.
O Ministério Público também investigará o aumento de 70% no preço das obras do Rodoanel e do metrô -após a concorrência pública de ambos os projetos ser aprovada anos atrás. Serão investigados com rigor os inúmeros contratos irregulares da CDHU para a construção de casas populares.
O mesmo rigor será aplicado para que se restabeleça no Estado uma educação eficiente, que acabe com o sistema de progressão continuada que os tucanos impuseram no ensino básico paulista.
A progressão continuada permite aos estudantes passar de ano sem exames, o que faz com que crianças saiam da escola sem saber ler e escrever. A progressão continuada ainda tira a auto-estima dos professores, impedindo-os de aprovar ou reprovar seus alunos quando necessário. Esse sistema será extinto.
Também o atendimento à saúde exigirá de minha administração muito trabalho. Os hospitais do Estado estão sucateados, faltam em todos equipamentos básicos e remédios para os doentes. É mentira que consultas possam ser marcadas pelo telefone. Quem vai a esses hospitais sabe que terá de esperar quatro ou cinco meses para uma cirurgia, mesmo no caso de moléstias graves. Sei como fazer com que a saúde pública funcione, e este é outro assunto que merecerá a atenção pessoal do governador.
Isso tudo não significa, porém, que os demais setores da administração ficarão em segundo plano. Mas que o governador, no princípio do governo, dedicará sua atenção pessoal e trabalho às urgências. E significa também que o governador cobrará com vigor, dos responsáveis pelos demais setores da gestão do Estado, os melhores e maiores resultados. Quem trabalha comigo sabe que faço isso e peço, com vigor e energia, conta das tarefas que delego.


Paulo Maluf, 71, engenheiro, presidente nacional do PPB, é candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo partido. Foi deputado federal (1983-86), prefeito de São Paulo (1969-71 e 1992-96) e governador do Estado (1979-82).



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