São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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TRÂNSITO MENOS SELVAGEM

A boa notícia é que a mortalidade no trânsito na cidade de São Paulo está caindo e já vai se aproximando do padrão verificado nos países do Primeiro Mundo. A má nova é que a população idosa (com 60 anos ou mais) não está se beneficiando como poderia dessa redução e morre proporcionalmente mais em acidentes de trânsito do que as crianças, os jovens e os adultos.
Estudo concluído neste ano pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) com base em dados de 2000 a 2002 mostra que a mortalidade de idosos em acidentes de trânsito em São Paulo é de 18,6 por 100 mil habitantes, contra uma taxa média de 11,6.
Existem, é claro, diversas razões para o fenômeno, que vão de fatores biológicos, como a perda de agilidade, reflexos, visão e capacidade de recuperação, a problemas mais prosaicos como a má conservação de vias e calçadas e o tempo ínfimo que os semáforos da capital paulista destinam muitas vezes à travessia de pedestres.
Sobre as variáveis biológicas não há muito que o poder público possa fazer, mas o mesmo raciocínio não se aplica a outros elementos. A lei já determina, por exemplo, que os donos de imóveis mantenham as calçadas diante de suas propriedades em bom estado de conservação. De modo análogo, o Código de Trânsito Brasileiro exige que o motorista dê prioridade ao pedestre que atravessa pela faixa de passagem. Para melhorar a segurança, basta que o poder público efetivamente imponha o que já está consagrado em lei.
Infelizmente, os avanços até aqui registrados na esfera do trânsito se deram com medidas coercitivas como a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança e a instalação de radares de fiscalização de velocidade. Se essa é a melhor forma de tornar o trânsito mais civilizado, é preciso insistir nela. São vidas que estão em jogo, e a dimensão do problema da segurança dos idosos só tende a agravar-se com a tendência de envelhecimento da população.


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