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TRÂNSITO MENOS SELVAGEM
A boa notícia é que a mortalidade no trânsito na cidade de São
Paulo está caindo e já vai se aproximando do padrão verificado nos países do Primeiro Mundo. A má nova é
que a população idosa (com 60 anos
ou mais) não está se beneficiando
como poderia dessa redução e morre
proporcionalmente mais em acidentes de trânsito do que as crianças, os
jovens e os adultos.
Estudo concluído neste ano pela
Fundação Seade (Sistema Estadual
de Análise de Dados) com base em
dados de 2000 a 2002 mostra que a
mortalidade de idosos em acidentes
de trânsito em São Paulo é de 18,6
por 100 mil habitantes, contra uma
taxa média de 11,6.
Existem, é claro, diversas razões
para o fenômeno, que vão de fatores
biológicos, como a perda de agilidade, reflexos, visão e capacidade de recuperação, a problemas mais prosaicos como a má conservação de vias e
calçadas e o tempo ínfimo que os semáforos da capital paulista destinam
muitas vezes à travessia de pedestres.
Sobre as variáveis biológicas não há
muito que o poder público possa fazer, mas o mesmo raciocínio não se
aplica a outros elementos. A lei já determina, por exemplo, que os donos
de imóveis mantenham as calçadas
diante de suas propriedades em bom
estado de conservação. De modo
análogo, o Código de Trânsito Brasileiro exige que o motorista dê prioridade ao pedestre que atravessa pela
faixa de passagem. Para melhorar a
segurança, basta que o poder público efetivamente imponha o que já está consagrado em lei.
Infelizmente, os avanços até aqui
registrados na esfera do trânsito se
deram com medidas coercitivas como a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança e a instalação de radares de fiscalização de velocidade.
Se essa é a melhor forma de tornar o
trânsito mais civilizado, é preciso insistir nela. São vidas que estão em jogo, e a dimensão do problema da segurança dos idosos só tende a agravar-se com a tendência de envelhecimento da população.
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