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FERNANDO RODRIGUES
A elite se move
CAMPOS DO JORDÃO - Há um certo movimento difuso da elite brasileira
no rumo de discutir o país e de propor
soluções. A reunião de cerca de 50
personalidades aqui em Campos do
Jordão, cidade serrana do interior de
São Paulo, é um dos exemplos.
A Casa do Saber é outro caso. Nasceu da demanda de gente rica e bem-sucedida que contratava professores
universitários para darem aulas semanais. Operadores do mercado financeiro eram introduzidos à filosofia grega tomando uma taça de vinho branco e comendo uma lasca de
presunto de Parma.
Nasceu assim a Casa do Saber, que
hoje promove em São Paulo dezenas
de cursos livres e incentiva o debate
cultural em geral.
Aqui em Campos do Jordão, lançou-se o DNA Brasil. Trata-se de
uma ambiciosa reunião que pretende
ser anual. Os presentes tentaram
pensar o país e projetá-lo para daqui
a 50 anos. A conclusão -se é que haverá uma- sai hoje à noite.
Outra idéia é fazer o índice DNA
Brasil, a partir da colagem de vários
indicadores já disponíveis. Traduzir
numa única taxa a real dimensão
das deficiências do país. Difícil.
O problema do Brasil não é falta de
índices para medir a miséria ou a degradação do ambiente, mas, sim, as
metodologias disparatadas e a coleta
de dados atrasada e defeituosa que
produzem números imprecisos. Colar
taxas pode resultar apenas em outro
indicador para embaralhar o que já é
pouco conhecido. Uma reflexão mais
profunda pode corrigir essa ação
mais adiante.
O DNA Brasil custou R$ 1,6 milhão.
A preparação durou um ano. Grandes empresas como a Intel e o Banco
do Brasil patrocinaram. Estavam
presentes, entre outros, Marina Silva,
Albert Fishlow, monja Coen Sensei,
Jorio Dauster e João Pedro Stédile.
Convidado, Lula não apareceu.
Aqui e ali, ouviu-se que o DNA Brasil é uma espécie de "Davos dos pobres". Se tiver vida longa como Davos
e se produzir tanto conhecimento como a reunião da cidade suíça, terá sido uma boa idéia. O tempo dirá.
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