São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

A elite se move

CAMPOS DO JORDÃO - Há um certo movimento difuso da elite brasileira no rumo de discutir o país e de propor soluções. A reunião de cerca de 50 personalidades aqui em Campos do Jordão, cidade serrana do interior de São Paulo, é um dos exemplos.
A Casa do Saber é outro caso. Nasceu da demanda de gente rica e bem-sucedida que contratava professores universitários para darem aulas semanais. Operadores do mercado financeiro eram introduzidos à filosofia grega tomando uma taça de vinho branco e comendo uma lasca de presunto de Parma.
Nasceu assim a Casa do Saber, que hoje promove em São Paulo dezenas de cursos livres e incentiva o debate cultural em geral.
Aqui em Campos do Jordão, lançou-se o DNA Brasil. Trata-se de uma ambiciosa reunião que pretende ser anual. Os presentes tentaram pensar o país e projetá-lo para daqui a 50 anos. A conclusão -se é que haverá uma- sai hoje à noite.
Outra idéia é fazer o índice DNA Brasil, a partir da colagem de vários indicadores já disponíveis. Traduzir numa única taxa a real dimensão das deficiências do país. Difícil.
O problema do Brasil não é falta de índices para medir a miséria ou a degradação do ambiente, mas, sim, as metodologias disparatadas e a coleta de dados atrasada e defeituosa que produzem números imprecisos. Colar taxas pode resultar apenas em outro indicador para embaralhar o que já é pouco conhecido. Uma reflexão mais profunda pode corrigir essa ação mais adiante.
O DNA Brasil custou R$ 1,6 milhão. A preparação durou um ano. Grandes empresas como a Intel e o Banco do Brasil patrocinaram. Estavam presentes, entre outros, Marina Silva, Albert Fishlow, monja Coen Sensei, Jorio Dauster e João Pedro Stédile. Convidado, Lula não apareceu.
Aqui e ali, ouviu-se que o DNA Brasil é uma espécie de "Davos dos pobres". Se tiver vida longa como Davos e se produzir tanto conhecimento como a reunião da cidade suíça, terá sido uma boa idéia. O tempo dirá.


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